ATA DA DÉCIMA SÉTIMA
SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA
LEGISLATURA, EM 13-3-2014.
Aos treze dias do mês de
março do ano de dois mil e quatorze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e
quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Bernardino
Vendruscolo, Cassio Trogildo, Clàudio Janta, Delegado Cleiton, Elizandro
Sabino, Guilherme Socias Villela, João Carlos Nedel, João Derly, Jussara Cony,
Kevin Krieger, Mario Fraga, Mauro Pinheiro e Professor Garcia. Constatada a existência de quórum, o
Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram
os vereadores Airto
Ferronato, Alberto Kopittke, Alceu Brasinha, Any Ortiz, Dr. Thiago, Engº
Comassetto, Idenir Cecchim, João Ezequiel, Lourdes Sprenger, Marcelo Sgarbossa,
Márcio Bins Ely, Mario Manfro, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Paulinho Motorista,
Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Séfora Mota, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra,
Valter Nagelstein e Waldir Canal.
À MESA, foram encaminhados: o Projeto de Lei do Legislativo nº 026/14 (Processo
nº 0390/14), de autoria da Mesa Diretora; e o Projeto de Resolução nº 003/13
(Processo nº 0368/14), de autoria da vereadora Mônica Leal. Também, foi
apregoado o Ofício nº 203/14, do Prefeito, encaminhando o Projeto de Lei do
Executivo nº 008/14 (Processo nº 0546/14). Após, foi apregoado o Memorando nº
004/14, de autoria do vereador Clàudio Janta, informando sua participação, no
dia vinte e quatro de fevereiro do corrente, das nove às treze horas, de
reunião do Conselho da Federação Intermunicipal de Sindicatos de Trabalhadores
no Comércio de Bens e de Serviços da Força Sindical no Rio Grande do Sul –
FETRACOS/RS –, em Porto Alegre. Ainda, foi apregoado o Memorando nº 017/14, de
autoria do vereador Professor Garcia, Presidente da Câmara Municipal de Porto
Alegre, informando sua participação, nos dias de hoje e amanhã, em reuniões da
diretoria do Conselho Federal de Educação Física, em Brasília – DF. Durante a
Sessão, foram aprovadas as Atas da Quinta e Sexta Sessões Ordinárias. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Bernardino Vendruscolo e
Clàudio Janta. Em prosseguimento, foi aprovado Requerimento de autoria da
vereadora Fernanda Melchionna, solicitando Licença para Tratar de Interesses
Particulares do dia de hoje ao dia dezoito de março do corrente, tendo o
Presidente declarado empossado na vereança o suplente João Ezequiel, após a
entrega de seu Diploma e Declaração de Bens, bem como a prestação do
compromisso legal e indicação do nome parlamentar, informando que Sua Senhoria
integrará a Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança
Urbana. Na ocasião, foi apregoada Declaração firmada pelo vereador Pedro Ruas,
Líder da Bancada do PSOL, informando o impedimento do vereador Prof. Alex Fraga
em assumir a vereança do dia de hoje ao dia dezoito de março do corrente, em
substituição à vereadora Fernanda Melchionna. Em continuidade, o Presidente
concedeu a palavra ao vereador João Ezequiel, que se pronunciou nos termos do §
8º do artigo 12 do Regimento. Após, foi iniciada homenagem a atletas
paraolímpicos brasileiros. Compuseram a Mesa: o vereador Professor Garcia,
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Ricardo Schwarz, Presidente da Sociedade de Ginástica Porto Alegre –
SOGIPA –; e Hélio Passos, Yves Dupont e Luiza Oliano, atletas
paraolímpicos. Também, foram registradas as presenças de Alexandre
Algeri, Vice-Presidente de Esportes da Sogipa; Rafael Garcia, professor do
Grêmio Náutico União; Marcelo Xavier e Carlos Oliveira. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o
vereador João Derly. A seguir, o Presidente convidou o vereador João Derly a
proceder à entrega, aos atletas presentes, de Diploma alusivo à solenidade. Em
continuidade, o vereador Airto Ferronato pronunciou-se em saudação aos atletas
homenageados. Às
quatorze horas e cinquenta e seis minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinquenta e oito minutos. Em prosseguimento, foi iniciado o período
de COMUNICAÇÕES, hoje destinado, nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento,
a registrar o transcurso, dia oito de março, do Dia Internacional da Mulher.
Compuseram a Mesa: os vereadores Professor Garcia e Delegado Cleiton e as
vereadoras Any Ortiz, Jussara Cony e Mônica Leal, presidindo os trabalhos; as
vereadoras Lourdes Sprenger e Sofia Cavedon; Ceniriani Vargas, do Movimento
Nacional de Luta pela Moradia e Reforma dos Meios de Comunicação; Eliane
Silveira, do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação; Emília
Fernandes, homenageada, Presidenta do Fórum de Mulheres do Mercosul; e Antonia Hoch Goulart, Nora Nei da Silveira
Ferreira, Rozeli da Silva e Waleska Trindade Cavalheiro, homenageadas. Após, a
Presidenta concedeu a palavra, nos termos do artigo 180, § 4º, incisos I e II,
a Emília Fernandes, Ceniriani Vargas e Eliane Silveira, que se pronunciaram
sobre o tema em debate. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do artigo 180, § 4º, inciso
III, do Regimento, pronunciaram-se as vereadoras Jussara Cony, Séfora Mota,
Lourdes Sprenger, Sofia Cavedon, Mônica Leal e Any Ortiz e os vereadores
Bernardino Vendruscolo, Waldir Canal, João Ezequiel, Delegado Cleiton, Kevin
Krieger e Alberto Kopittke. Durante a Sessão, o vereador Bernardino Vendruscolo
manifestou-se acerca de assuntos diversos. Às dezessete horas e seis minutos,
constatada a inexistência de quórum, a Presidenta declarou encerrados os trabalhos,
convocando os vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Professor Garcia,
Delegado Cleiton, Any Ortiz, Mauro Pinheiro, Jussara Cony e Mônica Leal e
secretariados pelo vereador Guilherme Socias Villela. Do que foi lavrada a
presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelo 1º
Secretário e pelo Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver.
Bernardino Vendruscolo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, hoje nós vamos ter um período de
Comunicações importante, de comemoração ao Dia Internacional da Mulher.
Eu venho a esta
tribuna, Presidente, para fazer um apelo, convidando todos os Parlamentares desta
Casa, sem exceção – e vou pedir, por favor, que acompanhem a linha de
raciocínio que vou tentar conduzir, para que aqueles que desconhecem, passem a
ter uma noção básica do que está ocorrendo em Porto Alegre no que diz respeito
ao Plano de Prevenção Contra Incêndio, PPCI. Este Vereador tem recebido
constantes pedidos, denúncias, reclamações sobre a demora quanto à liberação do
PPCI aqui no Município. Há pouco, eu pedi a assessoria do engenheiro Fernando
Clerman, que está aqui, e me dizia ele que talvez para ajudar o Executivo
Municipal nós pudéssemos – e é nesta linha que eu os convido – tentar
qualificar os edifícios em Porto Alegre por grau de risco. Senhoras e senhores,
não há essa classificação. Então, um prédio com dois pavimentos segue os mesmos
trâmites, a mesma burocracia que um prédio de 20, 30 andares; um prédio
residencial com dois pavimentos, com quatro, cinco apartamentos, entra na mesma
fila do Edifício Santa Cruz. Por favor! Eu sempre defendi coerência, mas desta
feita vocês me desculpem, nós precisamos – e aqui eu faço um apelo aos
representantes do Executivo: que entreguem a condução dessas questões técnicas
para pessoas que tenham responsabilidade e inteligência. Porque não dá mais!
Chega ao ponto de o Parlamentar, no meu caso, sentir-se envergonhado de ser
Vereador desta Cidade, de não ter o que responder para tantas reclamações!
Então, se nós temos dificuldade, vamos encontrar uma maneira de ajudar, de
resolver, Ver. Airto Ferronato – V. Exa. que representa o Governo aqui nesta
Casa –, e demais Vereadores.
Eu estou dizendo que
aqui em Porto Alegre, para encaminhar a liberação de um PPCI, há que se
encaminhar um projeto à SMOV. E eu tenho prova de que há encaminhamentos na
SMOV há mais de dez meses sem movimentação! Depois da liberação da SMOV é que
ele vai para avaliação do Corpo de Bombeiros. Enquanto isso não acontece,
denúncias anônimas, lá no Ministério Público, estão levando pessoas inocentes a
responder processos. O Ministério Público precisa ser chamado a esta Casa. Eu
já nem digo convidado, mas chamado, porque ele também tem que ter
responsabilidade. Que história é essa de encaminhar processos a proprietários
inocentes, por denúncia, que estão aguardando a burocracia desta Cidade? Então,
faço um convite aos Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras para que enfrentemos
isso de forma coletiva, e um dos caminhos, uma das possibilidades que me traz o
engenheiro Clerman é a seguinte: classificar os prédios por grau de risco. Não
podemos pegar uma grande estrutura, um shopping
center, e seguir os mesmos trâmites de um prédio residencial de três,
quatro apartamentos. Vamos procurar botar em alguns lugares estratégicos desta
Cidade pessoas com um pouquinho de inteligência, senão não dá! Senão vou ter
que ir embora para Irai, porque lá não é assim. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Clàudio Janta está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. CLÀUDIO
JANTA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, às nossas
convidadas, hoje, para esta Casa em homenagem ao Dia das Mulheres, quero pedir
desculpas, mas não podia me furtar, mediante os fatos que estão sendo
divulgados na imprensa, mediante o que a opinião pública vem falando, de fazer
comentários sobre duas Secretarias nossas: a dos Animais, em que a Secretária
vem oferecendo benesses, com o dinheiro do contribuinte de Porto Alegre, para
outras cidades, como vacinas e rações. Mas quanto as metas estabelecidas pelo
programa da Prefeitura, essa Secretaria não cumpriu nenhuma! Essa Secretaria
contratou o Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade. Quando uma empresa
contrata esse Programa e ele não é cumprido, automaticamente, o gerente, o
supervisor e o diretor são demitidos. Mas aqui em Porto Alegre, não! Além de a
Secretária da SEDA não cumprir as metas – nenhuma meta –, ela ainda tira de
Porto Alegre para levar para outras cidades! Levou para Tramandaí, para São
Lourenço, o dinheiro, os produto, a ração, as vacinas aqui de Porto Alegre! Ela
que faça isso com o dinheiro dela, não com o dinheiro do contribuinte de Porto
Alegre!
A meta era que tivessem sido esterilizados 3.120
animais, cães e gatos, na cidade de Porto Alegre, mas só na Vila Margarida,
onde eu moro, tem tudo isso de animais. Essa meta não foi cumprida. A
Secretaria tinha que realizar intervenção cirúrgica em 6.400 animais da Cidade
– mas só lá Jardim Itu tem o dobro de animais! E tinham que fazer 6.630
diligências e a SEDA não fez nenhuma! Nenhuma diligência!
E aí a Secretária fica usando a estrutura da
Prefeitura de Porto Alegre para distribuir e fazer esses procedimentos em
outras cidades.
Nós estamos, Sr. Presidente, protocolando um pedido
para que a Secretária compareça nesta Casa para esclarecer essas questões.
A outra questão que volto a falar nesta tribuna,
Vereadores Mauro Pinheiro, Jussara Cony, Any Ortiz, Lourdes, Cecchim, Tarciso,
Bernardino, Valter Nagelstein e Séfora Mota que aqui se encontram, que é a
questão da saúde na nossa Cidade. A saúde cada vez mais está na UTI, cada vez
mais piora!
Ontem, os jornais desta Cidade, Ver. Kevin Krieger,
noticiaram que o Pronto Socorro vai parar de fazer qualquer intervenção na
ortopedia! Claro, o dinheiro está na ortopedia, qualquer pininho de ortopedia
custa uma fortuna! Os laboratórios estão aí para quem quiser ver! Os laboratórios
ganham muito mais e recebem muito mais procedimentos – e só se pode fazer esses
procedimentos em laboratórios grandes, capazes da cidade de
Porto Alegre. Então eu volto a afirmar que a Casa do Povo não pode se furtar de
ouvir a Secretaria
Especial dos Direitos Animais e, principalmente,
de fazer o que a sociedade civil de Porto Alegre vem exigindo, que é uma CPI na
área da saúde de Porto Alegre, para nós, realmente, tirarmos a saúde da UTI.
Alguns Vereadores ficam dizendo que CPI não resolve. CPI resolve, sim! A CPI do
Ronaldinho devolveu milhões aos cofres da Prefeitura; a CPI da telefonia
embasou o projeto de extensão da telefonia, que está vindo para esta Casa. E,
quanto à CPI da saúde, todos os profissionais...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Presidente concede
tempo para o término do pronunciamento.)
O SR. CLÀUDIO
JANTA: ...da área da saúde, todas as entidades de classe
de Porto Alegre, inclusive o sindicato médico e o sindicato dos enfermeiros,
estão pedindo que esta Casa, que é a Casa do Povo, investigue a gestão da saúde
de Porto Alegre.
Eu queria saudar
todas as mulheres, aqui, que serão homenageadas; todos os eventos que teremos,
hoje, nesta Casa; e dizer que, com força e fé, com certeza, vamos mudar a vida
do povo de Porto Alegre.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): A Ver.ª Fernanda Melchionna solicita Licença para Tratar de Interesses
Particulares no período de 13 a 18 de março de 2014. Em votação. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que aprovam o Pedido de Licença permaneçam como se encontram.
(Pausa.) APROVADO.
A Mesa declara
empossado o Suplente, Ver. João Ezequiel, que integrará a Comissão de Defesa do
Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana, em função da impossibilidade
de o Suplente Prof. Alex Fraga assumir a Vereança. Solicito ao
Suplente João Ezequiel que entregue seu Diploma e a Declaração de Bens a esta
Mesa.
(Procede-se à entrega do Diploma e da Declaração de
Bens.)
O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Solicito que
os presentes, em pé, ouçam o compromisso que o Ver. João
Ezequiel prestará a seguir.
O SR. JOÃO EZEQUIEL: "Prometo
cumprir a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, defender a autonomia
municipal, exercer com honra, lealdade e dedicação o mandato que me foi conferido
pelo povo." (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Declaro empossado o Ver.
João Ezequiel. O nome de V. Exa. já está aqui consignado, João Ezequiel, V.
Exa. integrará a Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana – CEDECONDH.
O Ver.
João Ezequiel está com a palavra, nos termos do art. 12 do Regimento.
O SR. JOÃO EZEQUIEL: Boa-tarde a todos e a todas presentes aqui neste plenário. Eu quero
dizer, primeiramente, que é um grande orgulho e uma grande honra para mim,
mesmo que temporariamente, entrar em exercício enquanto Vereador, substituindo,
ninguém mais, ninguém menos que a Ver.ª Fernanda Melchionna, que, sabidamente,
os Vereadores, o público, o povo de Porto Alegre tem um grande reconhecimento
por essa Vereadora, que tem uma grande competência, uma carreira política
brilhante, muito combatida. E quero dizer que é um desafio estar aqui ocupando
este lugar, no lugar dessa Vereadora.
Eu quero aproveitar para fazer uma homenagem, e já puxar um tema que nos
interessa muito. Muitos sabem que eu sou servidor municipal da saúde, sou
Técnico em Enfermagem, e a saúde em Porto Alegre vem passando por muitos
problemas, há muitos anos, por conta da precarização que está colocada na saúde
em Porto Alegre, por conta dos ataques insistentes, frequentes, que os
servidores vêm sofrendo por parte da Secretaria Municipal da Saúde.
Não posso me furtar aqui,
neste momento, de fazer esta denúncia e dizer que os servidores da saúde, ontem
à noite, em assembleia, no Simpa – Sindicato dos Municipários de Porto Alegre,
deliberaram pela paralisação de 48 horas, a partir do dia 26. Os
servidores dos prontos atendimentos dos hospitais municipais vão paralisar suas
atividades do dia 26 até o dia 28. Eu quero dizer que essa paralisação está se
dando porque a equipe do Governo, que tem se reunido com a direção do Simpa e
com a comissão dos servidores da saúde, não tem dado uma resposta concreta às
reivindicações, às reclamações dos servidores. Nós, há mais de dois anos,
colocamos em pauta – e já entregamos ao Governo municipal – reivindicações que
dão conta da regulamentação da insalubridade para os servidores da saúde. Nós,
há mais de um ano, estamos numa luta para que os aprovados no concurso de 2011,
os técnicos de enfermagem, sejam definitivamente convocados, porque a
deficiência de funcionários nos hospitais e prontos atendimentos de Porto
Alegre é evidente, é inegável, mesmo que o Secretário Municipal da Saúde negue.
Nós, na terça-feira, e os outros Vereadores vão estar presentes, faremos uma vistoria
no Pronto Atendimento da Cruzeiro do Sul. Já fizemos uma vistoria no Hospital
Presidente Vargas e também no Hospital de Pronto Socorro.
Quero dizer que, de minha parte, não necessito ir
ao Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul para verificar qual é a situação, eu sei
muito bem qual é a situação daquele Pronto Atendimento, eu sei muito bem qual é
a situação do Hospital de Pronto Socorro e do Presidente Vargas, porque sou um
trabalhador da saúde. Eu trabalho no Hospital Presidente Vargas e quero dizer para
vocês que é uma vergonha a falta de funcionários no Presidente Vargas. Nós
temos naquele Hospital diversos leitos ociosos, leitos fechados à população,
porque faltam funcionários. Isso foi dito pelo próprio Secretário Municipal e
pela direção daquele hospital. Quando a gente se reúne com a direção e pergunta
“Mas por que fecharam leitos na psiquiatria?“, “Mas por que fecharam leitos na
UTI pediátrica e na pediatria?”, a resposta, senhoras e senhores, que nós
recebemos é que faltam funcionários. Eu quero aqui pedir o apoio de toda a
população de Porto Alegre a uma luta legítima dos servidores da saúde, aqueles
que cuidam da saúde da população de Porto Alegre estão ficando doentes. E nós,
então, dia 26, a partir das 8h, estaremos paralisando as atividades no Hospital
de Pronto Socorro, no Hospital Presidente Vargas, no Pronto Atendimento da
Cruzeiro do Sul, Pronto Atendimento da Lomba do Pinheiro e Pronto Atendimento
da Bom Jesus. Faço um apelo aos Vereadores da base aliada, que o Governo
Municipal abra uma negociação concreta e responda às reivindicações dos
servidores da saúde. Muito obrigado, um grande abraço a todos nesta plenária
desta Sessão. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Esta é uma homenagem da Casa aos atletas
paralímpicos, por proposição do Ver. João Derly, Presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e
Juventude. Convidamos para compor a Mesa os três são judocas
paralímpicos, Hélio Passos, Yves Dupont, bronze no Mundial de Judô, e Luiza
Oliano; e o Sr. Ricardo Schwarz,
Presidente da Sociedade de Ginástica Porto Alegre, recém empossado.
O Ver. João Derly está
com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DERLY: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes
da Mesa e demais presentes.) Também quero
saudar o Sr. Alexandre Algeri, Vice-Presidente de Esportes da Sogipa; o
professor Rafael, do Grêmio Náutico União; a Luiza; e o grande professor
Marcelo Xavier, do Hélio Passos, grandes amigos que prestigiam esses nomes do
esporte paraolímpico.
É com satisfação,
Presidente, que presto o meu carinho através de uma singela homenagem a essas
pessoas maravilhosas que nos ensinam tanto. Apesar das dificuldades que
enfrentam, elas são vitoriosas, são pessoas que, com muita alegria através do
esporte, contagiam os que estão à sua volta. Eu vou contar como um grande ídolo
e amigo nosso, principalmente dos atletas do judô, o Tenório, que é cego,
consegue levar a vida. Numa ocasião, num treinamento, ele esbarrou no meu ombro
e perguntou quem eu era. Eu falei: Sou o João Derly. E ele disse: “João, eu
queria falar contigo. Tu já viste a minha medalha da paraolimpíada?” “Não,
Tenório, eu não vi”. E ele: “Nem eu”. Naquele momento, eu fiquei surpreso da
forma como ele lidava com a sua dificuldade, uma forma muito sadia. E aquilo me
impressionou e me incentivou até para eu pudesse treinar ainda mais, mesmo com
a dificuldade da falta de recurso que muitas vezes os nossos atletas sofrem. E
quero homenagear o Helinho – como ele é chamado –, multicampeão, vencedor de
diversas competições, que muitas vezes luta com quem enxerga. Quero homenagear
o grande amigo Yves, quem tive a oportunidade, há pouco tempo, de enfrentar no
tatame – Yves, tu pegaste muito forte, até fiquei dolorido daquele dia. Ele é
uma pessoa maravilhosa, e no dia a dia acaba nos ensinando no tatame. A Luiza,
eu tive a oportunidade de treinar com ela e ver o quanto ela é forte e o quanto
ela desenvolve e quanto potencial ela ainda tem na carreira de atleta. Ambos são
multicampeões.
E um grande amigo, o Carlão, está chegando agora,
nos prestigiando com sua presença. Ele entrou para o Guinness Book, Livro dos
Recordes, como o cadeirante que mais quilômetros percorreu na esteira: 240
quilômetros em 24 horas. Ele me contava que, no momento em que começou a
cansar, pensou: “Não, o meu objetivo é bater este recorde” e, cada vez mais, ia
lutando com a mente.
Esta Mesa está repleta de vencedores, que, no dia a
dia, lutam por espaço, lutam por oportunidades, e o esporte é o melhor meio
para proporcionar, àqueles que têm dificuldades, às pessoas que têm
deficiência, oportunidades de ter dignidade, de estar inserindo em suas vidas
algo novo, refrescando o desejo de viver.
Então, parabéns, vocês são os verdadeiros campeões
da vida – não só os atletas ditos normais –, que, apesar de toda a dificuldade,
com suas famílias, com muito empenho, enfrentam a falta de dinheiro, a falta de
condições e a falta de pessoas qualificadas para trabalhar com vocês. Parabéns!
Fico muito honrado de estar nesta Casa junto com estas pessoas maravilhosas.
Muito obrigada por estarem aqui hoje. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Ver. João Derly. O próprio Ver. João
Derly já registrou a presença do Carlos Oliveira, mais conhecido como Carlão,
que, recentemente, entrou para o Guinness Book; fez 240 quilômetros em 24
horas. É um prazer recebê-lo, Carlão. Ver. João Derly, quero parabenizá-lo pela
sua fala. Eu e o Carlão temos uma afinidade há mais de 20 anos. Eu era Diretor
do CETE, o Carlão foi o primeiro atleta adotado, na época, pelo sistema
Sesi/FIERGS. Eu tenho esse grande carinho por ele, mas não posso lhe dar a
palavra, porque esse é o rito da Casa e eu procuro seguir sempre o Regimento e
aquilo, principalmente, que foi combinado.
Passaremos agora à entrega dos Diplomas.
(Procede-se à entrega dos Diplomas.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra.
O SR. AIRTO
FERRONATO: Caro Presidente, Ver. Professor Garcia; nossos atletas que estão conosco
na Mesa da Câmara; faço uma saudação toda especial também à direção da Sogipa;
Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores e nossos amigos, familiares e dirigentes da
Sogipa que estão conosco nesta tarde; primeiro, cumprimento o Ver. João Derly
pela essa iniciativa desta homenagem. Rapidamente, em meu nome e do Ver.
Paulinho Motorista, do nosso partido PSB, não poderíamos deixar de estar aqui
para cumprimentá-los. Todos vocês, jovens atletas que aqui estão, têm feitos
internacionais, inclusive. Porto Alegre se manifesta como uma das capitais
brasileiras que tem tido, sim, belos resultados em termos de competições.
Dessas competições que vocês participam, vamos citar apenas o Carlão, como o
homem do Guinness Book; a Luiza, como
nossa campeã; os nossos jovens todos, dizendo que Porto Alegre tem essa
característica. O Poder Público e a própria iniciativa privada precisam olhar
com carinho esses resultados que vocês alcançam.
Eu também vou tomar liberdade, meu caro Presidente,
até porque o momento é ímpar, de fazer uma chamada, um clamor, à nossa
sociedade de Porto Alegre, porque aqui nós representamos Porto Alegre: é
preciso valorizar, incentivar, patrocinar esses nossos atletas paralímpicos
pelo resultado que eles estão conquistando, e muito capitaneados também por
vocês lá da Sogipa. Portanto, fica aqui o nosso abraço, os nossos cumprimentos
e uma vontade toda especial de que é preciso buscar parcerias, para que vocês
cada vez mais tenham possibilidade de treinar, se preparar, competir e continuar
nesta luta vencedora de vocês. Um abraço e parabéns.
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Ver. Ferronato. Tenho certeza de que a
sua fala, juntamente com a do Ver. João Derly, é a fala de todos os Vereadores
desta Casa.
Mais uma vez, queremos parabenizar o Hélio dos
Passos; o sensei Marcelo; o Carlos Oliveira; o Yves; a Luiza e o Rafael, com
seus senseis; o Ver. João Derly e o Presidente da Sogipa – é um prazer e uma
alegria que o senhor esteja aqui hoje; acho que é a primeira visita oficial em
que o senhor vem a esta Casa. (Pausa.) O Presidente da Sogipa está dizendo que
a Sogipa está aberta a todos os 36 Vereadores da Cidade. E eu digo que esta
Casa está sempre à disposição. Estão suspensos os
trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h56min.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia – às 14h58min): Estão reabertos os trabalhos.
Passamos às
Hoje, este período é destinado a tratar sobre o Dia
Internacional da Mulher e a reforma que queremos.
Convidamos para compor a Mesa: a Sra. Emília
Fernandes, nossa sempre Senadora, Presidente do Fórum de Mulheres do Mercosul;
a Sra. Ceniriani Vargas, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia e Reforma
dos Meios de Comunicação; e a Sra. Eliane Silveira, do Fórum Nacional pela
Democratização da Comunicação.
Convido todas as
mulheres para que se dirijam à Mesa. Convido a Ver.ª Any Ortiz, como membro da
Mesa, para presidir os trabalhos neste momento. Hoje este espaço será
totalmente dedicado às mulheres. Convido também a compor a Mesa a Ver.ª Lourdes
Sprenger e a Ver.ª Sofia Cavedon. O PSOL hoje perdeu uma representante, mas
ganhou um outro grande membro que está fazendo a sua estreia na Casa, e
aproveito para parabenizá-lo.
(A Ver.ª Any Ortiz assume a presidência dos
trabalhos.)
A SRA.
PRESIDENTE (Any Ortiz): Hoje, nesta Sessão, será um dia muito especial, no
qual vamos falar sobre a reforma política e o Dia Internacional da Mulher,
comemorado no dia 8 de março.
A Sra. Emília Fernandes, Presidente do Fórum de
Mulheres do Mercosul, está com a palavra.
A SRA. EMÍLIA
FERNANDES: Muito obrigada, Sra.
Presidente, Ver.ª Any Ortiz, que representa o Presidente desta Casa, meu colega
Professor Garcia; um abraço a todos os Vereadores e a todas as Vereadoras, de
uma forma muito especial às Vereadoras Jussara Cony, Séfora Mota, Sofia
Cavedon, Lourdes Sprenger e Any Ortiz, que nos dá a honra de presidir esta
Sessão. Um abraço a todas as pessoas que estão aqui representando diferentes
entidades da sociedade civil, às mulheres da União Brasileira de Mulheres -UBM,
e trago meu abraço em nome das mulheres do Fórum do Mercosul: mulheres da
Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai, que trabalham de forma
integrada pela luta e pela conquista de mais direitos para as mulheres,
entidade que tenho a honra de presidir no Brasil. Quero cumprimentar de uma
forma especial também as demais companheiras que farão intervenções e também a
representante do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, que nos honra com a
sua presença, Elizabeth Valdez. A Rozeli, nós saudamos como uma grande mulher
lutadora das questões sociais, ela que trabalha com as crianças e adolescentes
da Restinga na ONG Renascer da Esperança.
Dizer que neste dia em que lembramos as mulheres, e
a Câmara Municipal de Porto Alegre, da nossa querida Capital do Rio Grande, faz
uma homenagem aos atletas paralímpicos e às mulheres, parece-me que foi de uma
criatividade, de uma iniciativa maravilhosa. Sem dúvida esses atletas e as
mulheres são pessoas que lutam para superar suas dificuldades, mas lutam com
garra, com determinação e com vontade de avançar e ajudar a melhorar e
construir este País que tanto amamos. Estar nesta Câmara de Vereadores é, para
mim, particularmente, uma honra, eu, que comecei a minha caminhada política, e
já se vão praticamente 40 anos, com 22 anos de mandato parlamentar, mas eu
iniciei numa Câmara Municipal, como Vereadora em Santana do Livramento, durante
12 anos. Lá aprendi, na luta pelas nossas comunidades, que, onde estão os
nossos Municípios, é onde está a essência da política transformadora deste
País. Eu sou e me considero uma municipalista de coração, de consciência e de
compromisso.
Convidaram-me aqui para, brevemente, como nós
sabemos que são as casas parlamentares, falar sobre a reforma política. Quando
nós falamos em reforma do sistema eleitoral, reforma política, nós temos que
fazer alguns considerandos prévios, principalmente quando falamos em mulheres.
Primeiro, nós estamos a 82 anos apenas do voto feminino no Brasil. Em 1932, nós
tínhamos a aprovação da possibilidade da mulher ser votada e ser eleita. Em
1934, este País elegeu a primeira mulher Deputada Federal: lá de São Paulo, a
nossa sempre lembrada Carlota Pereira de Queiroz. Por incrível que pareça,
somente em 1979 assume a primeira Senadora do Brasil, Eunice Michiles, da
Amazônia – ela era suplente e assumiu o cargo de Senadora, e outras tantas. Mas
eleitas como titulares mesmo, nós só vamos encontrar mulheres na história deste
País em 1991, quando assume a Senadora Marluce Pinto, lá pelo Estado de Roraima,
com quem eu tive o prazer de compartilhar o Senado Federal, e também a nossa
grande Senadora Júnia Marise, de Minas Gerais, que também estava no Senado
quando lá cheguei. Somente em 94 o Estado do Rio Grande do Sul elege a primeira
Senadora gaúcha. Chegamos: Benedita da Silva, pelo Rio; Emilia Fernandes,
eleita pelo Rio Grande do Sul. Atualmente, temos a segunda mulher representando
o Estado do Rio Grande do Sul no Senado da República. Vejam bem, são 82 anos do
voto feminino, e nós ainda estamos aqui, lutando pela maior participação de
mulheres, pela valorização, pela dignidade e pela presença efetiva de mulheres
nos espaços de poder e de decisão deste País. Mas, nós sabemos que os avanços
neste País desde o século XX são muitos. E nós, do movimento feminista, nós,
mulheres desbravadoras das lutas sociais, políticas e populares, nos orgulhamos
das sementes, por pequenas que tenham sido, que plantamos para que hoje nós
tivéssemos avanço na política, na legislação e até mesmo na vida de mulheres.
Milhões de mulheres saíram da pobreza e da extrema miséria. Mulheres que,
incorporadas na distribuição de renda nos últimos anos, se fortalecem com
programas do Bolsa Família, do Minha Casa Minha Vida, mulheres que estão
estudando, que estão nas universidades, que estão sendo aprovadas em concursos
públicos pela sua competência, pela sua dedicação, e principalmente pelo desejo de afirmar e romper com barreiras e preconceitos que submetiam ao
silêncio e à discriminação. Então, é nesse contexto; não é em um contexto qualquer,
não é de um país qualquer que estamos falando. Nós estamos falando do Brasil
que, em 2003, pela primeira vez na história, teve um espaço institucional
dedicado exclusivamente à política para mulheres; com o Presidente Lula,
criamos a Secretaria de Políticas para as Mulheres. Lá estava eu e tive a honra
de ocupar aquele espaço institucional em um primeiro momento, começando do
zero. (Problemas técnicos no som.) Normalmente, a palavra das mulheres é
cassada, tanto que a Carlota, quando se elegeu Deputada, dizia no Congresso
Nacional: “Eu vim para ficar calada, mas eu não estou aqui para ficar calada.
Eu estou aqui para respeitar os minutos que me foram concedidos.” Mas eu posso
dizer, com certeza, que o Brasil, com a criação da Secretaria de Políticas para
as Mulheres, e eu tive a honra de lá estar no primeiro ano, o Estado do Rio
Grande do Sul, com a criação da Secretaria de Política para as Mulheres, com
esses espaços institucionais criamos mecanismos importantíssimos para avançar
nesse debate da igualdade. Mas nós, quando falamos nos avanços da questão da
igualdade, da democracia, nós precisamos refletir o nosso País, e é essa a
reflexão que eu puxo aqui, e convido os senhores parlamentares, homens e
mulheres desta Casa, a população do Rio Grande, a população de Porto Alegre, os
movimentos sociais e sindicais e os partidos políticos para discutirem isso.
Até quando as mulheres vão clamar por espaços e oportunidades na política e nos
espaços de poder? É incrível que o País, o Brasil, gigantesco como é, referência
mundial e expectativa da América Latina, tenha apenas 12% de mulheres nas
Assembleias Legislativas; 12,5% nas Câmaras Municipais; 9,2% nas Prefeituras;
nas capitais, como Prefeitas, apenas 7,7%; na Câmara apenas 8,7% e no Senado
14,8%. Nem precisamos nos referir às mulheres negras, mais discriminação e mais
preconceito. Mas estamos aí, o Brasil está com a pauta das reformas. E esse
Congresso Nacional que temos neste País, infelizmente conservador, machista,
preferencialmente masculino, branco, urbano, não faz as reformas de que o País
precisa. O País precisa de reforma urbana, precisa de uma reforma agrária
consistente, precisa de uma reforma educacional, tributária, fiscal e política.
Mas a reforma política que nós defendemos tem que ser uma reforma que esteja
baseada, principalmente, nos princípios do pluralismo, da transparência e da
igualdade.
Reforma política,
neste momento brasileiro, é imperativo para o aperfeiçoamento da democracia
brasileira! É um dos antídotos que nós, parlamentares, militantes políticos e
sociais, independente de partidos políticos, sabemos que é necessária, porque é
o antídoto contra a campanha difamatória que se levanta na grande mídia contra
a classe política e contra os partidos.
É por isso que nós
precisamos ter uma bandeira de unidade que esteja acima de siglas partidárias.
Mas, particularmente, defendemos uma reforma política que tenha no seu
conteúdo: enfrentar a preponderância do poder econômico sobre os resultados
eleitorais, assegurar o pluralismo partidário, fortalecer os partidos
políticos, ampliar a liberdade política e instituir neste País o financiamento
público de campanha.
Não podem continuar
se elegendo, muitas vezes – com raras exceções –, aqueles que mais podem ou que
mais se comprometem com a classe empresarial e a grande mídia.
Nós temos que ter a
representatividade popular, temos que ter a representatividade negra, das
mulheres, que nós sabemos, são as que menos recursos financeiros possuem.
Nós precisamos de uma
reforma política em listas partidárias, porque aí o povo vai olhar para o
programa daquele partido, daquela lista e vai se posicionar e votar. Mas não
basta uma lista, temos que ter uma lista com alternância entre mulheres e
homens para que realmente possamos ter uma garantia de participação e um
percentual igualitário. Nós temos, no Brasil, a política de cotas, que foi
importante, necessária, mas não é suficiente.
Nós perguntamos: será
que as mulheres da França, da Alemanha, da Argentina, onde temos 38% de
mulheres no Parlamento, preferem e gostam mais da política do que as mulheres
brasileiras? Não! Lá, nós temos uma legislação que faz a diferença. Por isso,
senhoras e senhores, é com grande honra que eu deixo esta mensagem, em
homenagem ao Dia Internacional das Mulheres de todo o nosso maravilhoso Rio
Grande – em nome do Fórum de Mulheres do Mercosul – e, também, do nosso País.
Mas afirmando, cada vez mais, que é indispensável, para que essas
transformações aconteçam, uma forte mobilização social de conteúdo político.
Não basta sair às ruas; nós temos que ter foco, temos que ter rumo, temos que
ter consciência cívica e cidadã das grandes transformações e avanços que este
País está conseguindo e do que ainda precisamos avançar. Reforma política já!
Nós podemos! Muito obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
A SRA. PRESIDENTE (Any Ortiz): Muito
obrigada, Emília Fernandes, pelas suas palavras. Pode ter certeza que os
microfones desta Casa sempre estarão abertos para você.
A Sra. Ceniriani
Vargas, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia e do Conselho Estadual de
Juventude, está com a palavra para falar sobre a reforma urbana .
A SRA. CENIRIANI VARGAS: Primeiramente,
boa-tarde a todos, especialmente às companheiras e aos companheiros do
Movimento Nacional de Luta pela Moradia, que estão aqui presentes. Um
agradecimento especial à companheira Ver.ª Jussara Cony, que nos fez esse
convite para estarmos aqui, podendo apresentar um pouquinho da nossa pauta; às
demais Vereadoras aqui representadas, também; e à Senadora Emília.
A gente gostaria, na
verdade, de aproveitar este espaço que nos foi colocado à disposição para
tratar, também, além das coisas gerais da luta, que nós temos, hoje, 82% da
população do nosso País vivendo em áreas urbanas – o que é completamente
diferente de 30, 40 anos atrás, quando a maior parte da população vivia no
campo. A companheira que viria, hoje, apresentar um pouco da luta da reforma
agrária não conseguiu estar presente por estar fazendo uma outra luta em outro
Município. Quero colocar, então, que nós tivemos uma grande mudança no nosso
País desde o final de década de 1980, quando a maior parte da população que
vivia no campo mudou-se para a cidade, com aquele sonho de que, talvez, na
cidade, a vida fosse um pouquinho melhor. Chegando à cidade a gente vivencia a
dura realidade de não ter onde morar, a primeira dificuldade que a gente tem.
Então, desde o final da década de 1980, intensificou o processo das ocupações,
das comunidades irregulares, toda a precariedade dessa vivência irregular que a
gente tem até hoje na nossa cidade de Porto Alegre, em que uma grande parte –
senão a maior parte – ainda é área de ocupação irregular; comunidades que ainda
não estão dentro do sistema da cidade. Então, nesse sentido, mais do que nunca,
é fundamental a gente está pensando qual o modelo de cidade que a gente quer
construir ou que a gente quer seguir construindo. Hoje o modelo de cidade que a
gente tem é o modelo do capital, onde a moradia é mercadoria, onde a terra é
mercadoria, onde o que mais vale é o interesse do lucro. E como resultado disso
a gente tem, no Brasil, hoje, mais de sete milhões de famílias sem moradia, que
com o seu próprio trabalho não conseguem adquirir o mínimo, que é um teto para
a sua família, porque, muitas vezes, as próprias políticas públicas fortalecem
o processo de especulação imobiliária, em que muitos têm áreas vazias e muita
gente não tem onde morar. Só em Porto Alegre a gente tem informações, dados do
próprio IBGE de 2010, que nós temos 48.900 imóveis vazios em Porto Alegre. A
Prefeitura de Porto Alegre assume que existe, em Porto Alegre, um déficit
habitacional, uma necessidade de moradia de 38 mil famílias. Isto nos mostra o
quê? Que a gente tem muito imóvel vazio, inclusive mais do que a necessidade de
moradia. E por que isso acontece? Porque ainda é mais importante um papel
dizendo que é dono do que a necessidade das pessoas, do que a própria
Legislação que a gente tem. E com muita luta nós conquistamos o Estatuto das
Cidades, e, principalmente, no momento que a gente vive, em função de Copa do
Mundo, com grandes obras e eventos, o Estatuto da Cidade está sendo rasgado e
jogado no lixo, porque a lei da FIFA impera sobre as leis que, com muita luta,
a gente conquistou. A gente vem aqui também defender que não basta estar
escrito; a gente tem que executar. A gente vivencia, na nossa Cidade, os vazios, é
só a gente seguir aí pelo Centro. Hoje, a gente está completando seis meses da
quarta ocupação de um mesmo prédio no Centro da Cidade, um prédio que foi
construído com dinheiro público, que foi usado pelo crime organizado, ocupado
quatro vezes por famílias do Movimento Nacional de Luta pela Moradia e que
continua nesse processo de especulação imobiliária, dando esse exemplo para a
gente perceber que, na verdade, a gente tem leis. O cumprimento da função social
da propriedade é lei, não basta ser dono, tem que cumprir a função social da
terra, do imóvel. Então, ilegais são aqueles que usam da especulação
imobiliária. Da mesma forma, a regulamentação no Município da aplicação do IPTU
progressivo, em que imóveis que não cumprem função, que servem apenas para
especulação imobiliária, deveriam ser desapropriados pelo Município e
revertidos para moradia popular, para moradia para quem precisa.
A reforma urbana que a gente defende tem muito a
ver com a luta das mulheres, porque as mulheres ainda são aquelas que vivenciam
cotidianamente a precariedade da moradia, a precariedade do local de moradia, a
precariedade dos serviços públicos, dos equipamentos públicos. São as mulheres,
ainda, que cumprem as tarefas domésticas, que vivem ali diariamente com a falta
de água, com a falta de luz, com a falta de esgoto, de saneamento básico; são
elas, ainda, que têm que fazer toda uma maratona para conseguir um posto de
saúde, uma creche para seus filhos, uma escola de qualidade. Então, as mulheres
vivenciam cotidianamente a dureza da precariedade da Cidade que a gente tem.
Então, a luta da reforma urbana é uma luta que é nossa, é uma luta das mulheres
que, no dia a dia, estão lá na ponta, estão lá na vila, estão lá na comunidade,
estão lá na ocupação. Muitas vezes, a gente aposta tudo; a gente não tem
alternativa. Ninguém pega a sua família, os seus filhos e vai para uma
ocupação, vai para baixo de uma lona preta porque tem onde morar. Não! São
mulheres, muitas vezes mulheres jovens, jovens mães, mulheres fugindo de uma
situação de violência e que buscam como única alternativa a construção e a luta
pela moradia, pela sua dignidade através de uma ação de ocupação.
Também na nossa luta da reforma urbana uma pauta
fundamental é a gestão democrática da Cidade. E, daí, falando de Porto Alegre,
não tem como a gente deixar de falar, que a gente já teve tantas conferências
na Cidade, que se propõem a discutir o desenvolvimento da nossa Cidade, e que
nós aprovamos, em todas elas, a Resolução de Conferência deste Município de
Porto Alegre, a criação do Conselho Municipal das Cidades. E esta Prefeitura
simplesmente se nega a criar um Conselho das Cidades. A gente defende, porque
acredita que as políticas têm que ser integradas. Não basta ter vinte e poucos
conselhos na cidade de Porto Alegre e eles não dialogarem entre eles. Não basta
criar um fórum, que se diz um fórum de conselhos, que não articula a política.
Simplesmente, são corpos presentes dentro de uma mesma sala, mas que, de fato,
não discutem a política de forma integrada.
Não tem como a gente discutir moradia, sem discutir
saneamento; não tem como discutir moradia, sem discutir que tem que ter uma
escola perto, tem que ter um posto de saúde perto, tem que ter transporte
público de qualidade e com preço acessível para as pessoas poderem estar
acessando a Cidade.
Não dá mais para a gente ouvir do nosso
Departamento Municipal de Habitação que as empreiteiras não querem construir
moradias em outros lugares que não seja a Restinga, porque a terra é muito
cara, ou uma série de outras questões que a gente sabe que, muitas vezes, é
falta mesmo de vontade política e de investimento. A gente sabe que Porto
Alegre, com a capacidade que tem, poderia muito bem garantir contrapartidas do
Município, e garantir, sim, a construção de moradia em locais mais bem
localizados onde as famílias, as mulheres, as crianças, as pessoas pudessem
vivenciar a Cidade, e tivessem seu direito à moradia garantido. A gente está
cansada de ver na nossa Cidade centenas de famílias que se organizam...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Presidente concede
tempo para o término do pronunciamento.)
A SRA. CENIRIANI VARGAS: ...Então, só para
deixar registrado, que a gente constrói essa luta pela moradia, que é uma luta
pela reforma urbana, porque não é só a casa que nos basta. Nós queremos ter uma
Cidade que a gente possa usar, que cumpra a função social, que seja realmente
democrática.
E queremos deixar registrado que a nossa luta é
todo o dia, e que moradia não é mercadoria. Moradia é o mínimo para o homem, a
mulher, a sua família, e assim também as famílias homoafetivas. Nós precisamos
construir nessa Cidade uma política que garanta para as famílias, para as
mulheres poderem garantir a sua moradia também na relação homoafetiva. E
reforma urbana já! (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
(Manifestações nas galerias.)
A SRA.
PRESIDENTE (Any Ortiz): Muito obrigada, Sra. Ceniriani, pelas suas
palavras.
A Sra. Eliane Silveira, do Fórum Nacional pela
Democratização da Comunicação, está com a palavra.
A SRA. ELIANE
SILVEIRA: Sra. Presidenta, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, homens e mulheres
presentes no plenário e que nos acompanham pela TVCâmara, o Fórum Nacional pela
Democratização da Comunicação está trabalhando em todo o País com a Campanha
para Expressar a Liberdade – Uma Nova Lei para Um Novo Tempo. Porque os tempos
mudaram, e os meios de comunicação precisam mudar também. Hoje nós, mulheres,
somos sujeitos da nossa história, protagonistas do nosso tempo. Estamos nos
mais diferentes espaços de poder, chegamos à presidência da República e não
podemos mais aceitar sermos retratadas, nos espaços de comunicação, em papéis
que não mais significam a nossa vida e a nossa história. Não queremos mais ser
as vilãs, as mocinhas dos filmes, que põem tudo a perder; não queremos mais
sermos os objetos que vendem cerveja, sabonete e refrigerante; não queremos
mais sermos relegadas ao papel de vítimas. Cito, como exemplo desse papel de
vítima, fato recente que aconteceu com a Deputada Federal Manuela D’Avila. Uma
Deputada que tem tantos projetos e uma atuação política importante, mas que
consegue o seu espaço na imprensa porque teve o seu carro roubado, e não pelo
trabalho significativo que desenvolve no parlamento. Nós queremos aparecer pelo
que somos e pelo trabalho que realizamos, porque, enquanto a mídia não nos
retratar dessa forma, nós não seremos mais mulheres nos espaços de poder e não
ampliaremos a participação política das mulheres, porque precisamos que o nosso
papel, o nosso trabalho seja efetivamente reconhecido. Enquanto nós, mulheres,
formos retratadas de uma forma geral, seja nas novelas, seja nos filmes, seja
no telejornalismo, como objeto, nós seguiremos morrendo, todos os dias, vítimas
de violência. Nós estaremos submetendo as nossas jovens e meninas a todo tipo
de preconceito, de discriminação e de violência. Nós queremos que a mídia
mostre a diversidade da mulher brasileira. Nós queremos ver protagonistas as
mulheres negras, as indígenas, as jovens, as idosas, as trabalhadoras do campo
e da cidade, as donas de casa, as mães e as que decidiram não ser mães. Nós
queremos ver todas essas mulheres, porque são elas que constroem o nosso Brasil
todo o dia, que constroem a nossa cultura e constroem a nossa história. Essa
lei que estamos propondo que seja protocolada na Câmara Federal é um projeto de
lei de iniciativa popular, está no site
da campanha “Para Expressar a Liberdade”. Nós convidamos a todos para ajudar na
coleta de assinaturas, pois precisamos reunir um milhão e trezentas mil
assinaturas para abrir esse debate na Câmara Federal e no Congresso Nacional –
debate esse muito importante. Não queremos mais meios de comunicação
concentrados na mão de meia dúzia de famílias em nosso País. Não queremos mais
meios de comunicação onde os detentores das concessões sejam parlamentares ou
igrejas, porque o nosso Estado é um estado laico. Nós queremos que esses meios
de comunicação deem acesso a todas as comunidades, a todas as culturas, a todas
os movimentos sociais, porque achamos que é dessa forma que mudaremos a
realidade do nosso País. E para as mulheres é fundamental que nós tenhamos uma
mídia mais democrática, para que as mulheres se enxerguem na sua essência, a
essência de quem produz e de quem constrói a riqueza do País, a riqueza do
nosso Estado, de quem todos os dias constrói a nossa cultura. A essência de
quem não aceita nenhum tipo de violência, nenhum tipo de discriminação. A
essência de quem acredita na igualdade. Uma mídia democrática vai promover a igualdade.
Uma mídia autoritária e concentradora vai aprofundar a desigualdade e
aprofundar a injustiça. E nós não queremos mais isso no nosso País. Queremos,
sim, mudar a mídia para mudar a vida das mulheres, porque mudando a vida das
mulheres, nós vamos mudar o mundo e vamos construir a justiça social, a
igualdade, que é o sonho de todo homem e de toda mulher. Porque a nossa luta é
uma luta pela igualdade entre homens e mulheres, pelas nossas gerações, pelas
gerações futuras, para que as nossas
crianças possam viver um novo tempo, uma nova sociedade, um mundo de igualdade,
um mundo sem violência e um mundo de felicidade, que é o sonho de cada um e
cada uma.
Muito obrigada ao
Legislativo pela iniciativa, à Ver.ª Jussara Cony pelo convite e a todos os
Vereadores e Vereadoras que estão aqui na Sessão prestando a atenção na nossa
fala e que, com certeza, vão levar este debate adiante. (Palmas.)
(Não revisado pela
oradora.)
A SRA. PRESIDENTE (Any Ortiz): Muito
obrigada, Sra. Eliane. Gostaria de agradecer a todas vocês pela presença para
tratar do tema Dia Internacional da Mulher e a reforma que queremos.
Vamos dar seguimento
a esta Sessão de homenagem a todas estas mulheres, ressaltando o que acabaram
de pedir aqui, porque este é o País que desejamos, é a Cidade que desejamos.
Foi muito importante, antes da manifestação de cada uma de nós, poder ouvir um
pouco de cada uma de vocês a respeito de temas tão importantes.
A Ver.ª Jussara Cony
está com a palavra em Comunicações.
A SRA. JUSSARA CONY: Boa-tarde a todos e a
todas. Cumprimento as minhas colegas Vereadoras presentes na Mesa, e a Ver.ª
Any Ortiz, que está nos presidindo. Quero cumprimentar as companheiras que nos
antecederam, as nossas convidadas, que trouxeram a pauta política para esta
Nação, as três principais reformas que precisamos para o Brasil.
Quero dizer às
companheiras da UBM; à Fabiane Dutra, do Conselho Estadual dos Direitos da
Mulher; à Elizabeth Valdez, da CTB, e a Izane Matos, que fazem parte do
processo do Fórum – cumprimentando também o Movimento da Luta pela Moradia; o
jornalista André Machado; o nosso querido companheiro da UAMPA, Waldir Bohn
Gass; homens e mulheres juntos nesta luta –, que o Fórum acertou quando trouxe
para esta quinta temática, para esta tribuna da mulher, a proposta das reformas
que as mulheres querem. Então, o nosso agradecimento. Sou, aqui nesta Casa,
Presidente da Frente Parlamentar pela Reforma Política, que reúne todos os
Partidos, homens, mulheres. Sem dúvida nenhuma, a reforma-mãe é a reforma
política.
Tanto a Emília quanto a
Ceniriani, que falaram da reforma urbana, quanto a Eliane, que falou da reforma
dos meios de comunicação, na realidade, a democratização dos meios de
comunicação já deram o tom, o tom das mulheres, porque nós, mulheres, sabemos o
que significa o retrocesso. Nós, mulheres, sabemos o que significam os avanços
para a emancipação de uma sociedade, que passa pela emancipação das mulheres
nessa sociedade. Então, Emília, quero dizer que estou falando também em nome da
companheira Ver.ª Fernanda Melchionna, do PSOL – que está em outra atividade –,
e combinamos, inclusive, essa fala, porque estamos identificadas nessa luta. É
isso que a Emília diz: financiamento público de campanha. Aqui está a
perspectiva, inclusive, de as mulheres do povo se elegerem: financiamento
público, lista. E a lista é o que a Emília disse também, mas nós somos maioria
neste País, então vamos começar: uma mulher e um homem; uma mulher e um homem;
uma mulher e um homem. Não queremos mais ficar no fim da lista para cumprir
cota. A luta das cotas foi importante, mas o momento agora é de igualdade de
direitos e de poder político, passando, inclusive, por dentro dos nossos
Partidos, porque a questão da mulher é uma questão de todos os Partidos; a
questão da mulher é uma questão de toda a sociedade; a questão da mulher é a
semente para os frutos da emancipação das mulheres e dos trabalhadores. Não
queremos cláusula de barreira, aqui é pluripartidarismo. Democracia é isso. Há
partidos pequenos, muitas vezes, no número de parlamentares, mas grandes na
luta popular, nas lutas objetivas do povo brasileiro e das mulheres
brasileiras. E queremos também que esse pluripartidarismo seja encarado como um
processo de avanço da democracia. Queria dizer também sobre a reforma urbana,
que é a implementação da 5ª Conferência. Temos aqui nesta Casa o projeto do
Conselho Municipal das Cidades. Precisamos votar, precisamos ter o Conselho
Municipal, a Ceniriani já disse tudo. E a democratização dos meios de
comunicação é isso, chega de esteriótipos; chega de banalização da dor das
mulheres; chega de nós sermos olhadas e divulgadas pela mídia através do
desrespeito, do retrocesso, da forma dos protótipos do que significa ser mulher
e do que significa ser homem. Nós somos muito mais do que isso. Então, eu creio
que acertamos em cheio com essa pauta de hoje, aqui. E quero, agora, neste
momento, e cada uma de nós fará uma homenagem aqui. A minha homenageada é uma
gaúcha “daquelas”. Ela vem lá de Dom Pedrito, ela é professora, sindicalista;
encontrei essa mulher e comecei a militância junto com ela, num primeiro
momento, nas greves históricas do CPERS em Porto Alegre. Ela foi Vereadora três
vezes na cidade de Santana do Livramento, onde se criou; foi a primeira mulher
Senadora do Estado do Rio Grande do Sul, e primeira Ministra da Mulher com a
eleição do Governo Lula. Eu acho que todo mundo sabe de quem estou falando:
Emília Fernandes, que hoje é a minha homenageada, com a maior honra, o maior
carinho, a maior emoção. Para a Emília e para todas as outras. Vai Emília, para
ti, que tenho certeza de que vais democratizar com todas nós, uma poesia das
noites, das madrugadas da vida das mulheres, porque essa poesia acho que é a
tua cara e a cara das mulheres (Lê.): “Tenho na boca o gosto das águas da
chuva, e nas entranhas a fúria dos minuanos ventos. Trago no olhar o brilho das
gélidas noites de lua cheia e de constelação de estrelas. Sou fruto desta
terra. Tenho nas mãos a marca do trabalho e as carícias que aquietam a alma;
trago nos pés todos os caminhos percorridos – florestas, rios, campos e trilhos
–, na incessante busca da transformação. No ventre, ah, no ventre, carrego
todos os filhos, os que pari e os que a mim se achegaram; sou fruto da dádiva
da vida, trago no coração – companheiras, todas nós – livre de cercas e aramados,
um pampiano amor que colhi por lugares onde andei. Sou fruto da libertação,
acalanto um sonho como uma canção de ninar: o fim de todas as guerras. Sou
fruto de uma nova era, sou semente do querer paz”. As mulheres são fruto de uma
nova era, as mulheres são sementes do querer paz! A minha homenagem, Emília, e
através de ti, a todas as mulheres.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA.
PRESIDENTE (Any Ortiz): Muito obrigada, Jussara Cony. Parabéns, Emília, por
essa linda homenagem, linda poesia. Eu gostaria de agradecer
a presença da Senadora Emília Fernandes, que vai ter que se retirar porque vai
receber uma merecida homenagem agora. Quem quiser prestigiar, vai ser no
Palácio Piratini, às 16h. (Pausa.)
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Só para uma
questão de esclarecimento: os homens não vão poder falar?
A SRA. PRESIDENTE (Any Ortiz): Podem sim,
Vereador! Podem se inscrever para falar em Comunicações, depois das mulheres.
Quer se inscrever, Vereador?
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Nós também
queremos fazer homenagem às mulheres.
A SRA. PRESIDENTE (Any Ortiz): E nós
queremos ouvir! Este é um dia de homenagear as mulheres, com a participação dos
homens!
A Ver.ª Séfora Mota
está com a palavra em Comunicações.
A SRA. SÉFORA MOTA: Muito obrigada, Ver.ª
Any. Em seu nome, cumprimento as demais integrantes e as colegas que compõem a
Mesa. Homens, por favor, aprendam: tem uma dama na tribuna. Esperem o momento
de falar! Hoje a gente vai fazer uma alusão ao nosso oito de março; ao nosso
mês, que é o meu mês, é o mês em que eu faço aniversário – uma mulher como eu
não poderia ter nascido em melhor época. O oito de março, independente de se
pensar que é uma data festiva e comemorativa, não é só isso. A gente relembra
como um dia a mais para se refletir sobre a luta e sobre o papel da mulher em
todas as áreas que nós já estamos conquistando.
A violência contra a
mulher é uma coisa que eu combato no dia a dia. Eu luto pela mulher negra. Esta
semana, nós fizemos uma enquete com relação à questão “ser negra”. Eu sou negra,
mas há dúvidas! Sou negra porque a minha mãe é negra, o meu avô é negro, o meu
bisavô é negro, e eu sou negra. Desbotada, dourada, mas continuo negra!
Eu venho aqui para
falar até de outra questão: parece que, toda vez que eu venho aqui, me deixam
parada porque tem sempre alguém querendo falar primeiro. Esperem o momento! Aí
eu venho falar de toda discriminação que nós, mulheres, sofremos, e eu sofro
muito. Além de ser feminista, eu escolhi ser feminina; e eu sou extremamente
vaidosa, extremamente feminina, eu luto de salto alto, porque assim é melhor. Se
tiver que dar uma sapatada, vai doer muito mais e vai fazer muito mais estrago.
E eu luto, sim, com a minha saia curta, com o meu cabelo comprido, com a minha
maquiagem. Mas eu luto pelo direito de ser respeitada por ser extremamente
vaidosa, pelo direito da minha companheira que não gosta ou que não quer ter
vaidade, pelo meu direito de ter filho. E eu sempre sonhei em ser mãe, esse é o
maior presente da minha vida, é o melhor papel que eu desenvolvo, porque eu amo
ser mulher. Mas defendo o direito daquela que não quer ter filhos, que não tem
esse dom. Então, eu luto pelos direitos da mulher, da mulher trabalhadora, da
mulher que batalha, da mulher que às vezes sofre violência e nem sabe o que é
violência. Por que o que é violência? É um tapa? A violência física nem sempre
é a pior. A pior, às vezes, é aquela violência que vai nos destruindo por
dentro, na nossa alma; são os roubadores de almas, que vão nos deixando cada
vez mais dependentes, porque a violência também gera dependência. E é muito
triste. Então, hoje eu tenho dois papeis fundamentais nesta vida: enquanto
Vereadora tenho compromisso com o povo mesmo, sem demagogia, sem teatro; as
pessoas sabem que eu não uso esta tribuna a toda hora, porque eu vejo nesta
tribuna, às vezes, cada palhaçada, colegas, que, me desculpem, eu não faço
isso! Eu faço política para as mulheres, para as pessoas que precisam, para os
negros, como assim eu me defino. Sou uma mulher feminista, porém feminina. E eu
quero, sim, ser respeitada pelo que sou!
Eu quero falar de uma coisa que eu fiquei sabendo
hoje e que foi até muito engraçada. Eu pedi autorização para participar de um
evento importante sobre a sexualidade da criança e do adolescente com
deficiência. E, infelizmente, os meus colegas deram risadinhas porque eles só
leram a palavra sexualidade, e eu acho que eles remeteram à questão do sexo.
Quero deixar claro que a minha sexualidade é extremamente desenvolvida, não
preciso me aprimorar nisso. Mas as pessoas com deficiência, as quais eu também
defendo, sim, elas têm vida sexual, elas têm desejos. E lembrar que, além
disso, o número de violência sexual contra crianças e adolescentes tem
aumentado assustadoramente. Então, queridos, não é da minha sexualidade que eu
vou tratar, é aprender a lidar e defender essa bandeira, porque essas pessoas
eu defendo, e essas pessoas comigo têm vez e voz.
A minha homenageada é a Dona Antonia, que é mais
uma mulher guerreira, batalhadora, moradora do Extremo-Sul, que foi para lá
quando não tinha ônibus, não tinha saneamento, não se tinha nada. Se hoje é
difícil, imaginem antes, há muito tempo atrás. Então, é uma mulher que luta
pelas pessoas, que luta pela comunidade, por uma vida digna, e é essa mulher
que eu quero sempre comigo. Dona Antonia, muito obrigada por eu poder fazer
esta homenagem para a senhora porque, na verdade, o prazer é todo meu, o
orgulho é todo meu. Conte sempre comigo na sua luta, e as mulheres não
esqueçam, quem sabe um dia a gente não vai ser só 30% para fechar nominata de
partido, e a gente vai ser, pelo menos, 30% aqui dentro, cada uma a sua
maneira, buscando o respeito. É isso que eu quero. Muito obrigada e cuidado,
meninos, fiquem mais calminhos, menos afobação. A mulher tem prioridade aqui.
Muito obrigada, queridos.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA.
PRESIDENTE (Any Ortiz): Muito obrigada, Ver.ª Séfora Mota. Parabéns à
homenageada, Dona Antonia. Eu gostaria de convidar todas as homenageadas para
sentarem aqui com a gente.
A Ver.ª Lourdes Sprenger está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. LOURDES
SPRENGER: Cumprimento a nossa Presidente, Ver.ª Any Ortiz; as nossas colegas
Jussara Cony, Sofia Cavedon, Séfora Mota, que ainda estão presentes. Já saíram
desta plenária em que vamos homenagear as mulheres, a Sra. Emília Fernandes, a
Sra. Ceniriani Vargas e a Sra. Eliane Silveira. Eu sempre procuro destacar
aquelas profissionais, aquelas pessoas que se dedicam a nossa causa, que é a
causa animal. Hoje, eu convidei para ser homenageada a Dra. Waleska Trindade
Cavalheiro, que é uma Procuradora de Justiça dedicada também à causa animal,
presidente de uma ONG que trata de terapia com animais, a ONG Bichoterapia e,
também, em tratativas de criar uma fundação.
Ao falar da Dra. Walesca, eu vou só me referir aos
trabalhos da área animal, porque na área da justiça são muitas ações: ela
promove seminários de estudos, palestras, projetos de interação dos animais nas
terapias humanos, ajuizou várias ações em prol da causa, da proibição da tração
animal na coleta de lixo urbano, atividades jurídicas na PUC em relação à
defesa dos animais, reuniões no Conama, em Brasília, para discutir normas
éticas no trato aos animais, reuniões no conselho. Teria muito a falar da Dra.
Walesca. Então, hoje, ela foi a minha escolhida, minha amiga que está aqui nos
prestigiando. Muito obrigada pela presença.
Hoje eu quero, em breves palavras, estimular a
reflexão sobre a nossa trajetória em nosso meio social, em nosso País e, por
esse caminho, vislumbrar uma projeção de futuro. Assinalar o Dia Internacional
das Mulheres não é simplesmente medir conquistas, exaltar qualidades, muito
embora não há como desconhecer que a mulher brasileira ascendeu a postos nunca
antes alcançados. Nós temos a primeira Presidente da República, Governadoras,
Prefeitas, Presidente do Supremo, Senadoras, presidentes de grandes
organizações, também privadas. Então, ascendemos com qualificação em vários
postos no País. Mas temos obstáculos a superar se quisermos formar uma
sociedade igualitária, mais justa e inclusiva.
Por isso, prefiro dizer na data de hoje que a
questão da igualdade de gênero precisa ser incluída nas plataformas de governo,
precisa estar direcionada à educação transformadora como instrumento para
formar uma nova consciência sobre a mulher. Permitam que eu lembre dos itens
listados, há vinte anos, pela plataforma de ação de Pequim por mulheres e
representações de todo o mundo e que continuam atuais, porque são áreas de
trabalho prioritárias. E para homenagear a todas as mulheres, aqui estão as
áreas temáticas tratadas e que ainda são atuais e desafiadoras, por exemplo:
mulheres e pobreza, educação e capacitação das mulheres, mulheres e saúde,
violência contra a mulher, mulheres e conflitos armados, mulheres e economia,
mulheres no poder e na liderança, mecanismos institucionais para avanços das
mulheres, direitos humanos das mulheres, mulheres e a mídia, mulheres e o meio
ambiente e direitos das meninas.
Até março de 2015, a ONU Mulheres, no Brasil e no
mundo, estará analisando os resultados dessas áreas temáticas, então teremos
algo de concreto e exemplar para debater e estudar. O tratamento ideal a esses
temas é que vão assegurar mudanças exemplares no cotidiano e no futuro de todas
nós, mulheres. Talvez seja o melhor caminho que temos em busca de igualdade de
gênero, que nos assegure uma trajetória de desenvolvimento social e
aperfeiçoamento humano, onde todos avançam proporcionando direitos e
oportunidades, especialmente às mulheres.
Era o que eu tinha para dizer, e quero agradecer
mais uma vez à minha homenageada, que está aqui. Conseguimos fazer, ao longo
dos anos, e continuaremos fazendo um bom trabalho em torno da causa animal.
Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA.
PRESIDENTE (Any Ortiz): Muito obrigada, Ver.ª Lourdes, e parabéns à sua
homenageada. É uma causa muito linda que, com certeza, envolve a todos nós.
Gostaria também de agradecer aos Vereadores que acompanham, hoje, esta Sessão.
É muito importante a presença de vocês, porque nós não queremos falar do Dia
Internacional da Mulher apenas para as mulheres; é importante a presença dos
homens nesta plenária, dos Vereadores, e é importante, também, a participação
de vocês na tribuna.
A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra em Comunicações.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Sra. Presidente, Ver.ª Any Ortiz; prezadas Vereadoras Mônica, Lourdes e
Jussara; queridas palestrantes, Emília – que já se foi –, Ceniriani e Eliane
Silveira. Acho que o painel que as três traçaram aqui, de forma muito rápida,
traduzem a maturidade do debate da luta das mulheres, que compreenderam qual é
a estrutura que sustenta um país ainda profundamente machista, que sustenta um
sistema hegemônico, meritocrático, capitalista que incorporou e transformou em
mercadoria as condições mais específicas, exclusivas das mulheres que foram
para um mundo público e que viram ali uma oportunidade de realização
profissional e que muitas vezes não percebem essa exploração, essa redução com
essa forma sutil, com essa forma sofisticada de continuar transformando-as em
objeto, portanto reforçando a possibilidade da violência simbólica e física dos
homens em relação às mulheres.
Essa percepção, essa maturidade têm incorporado os
movimentos sociais; é uma maturidade em que a gente percebe que a luta das
mulheres se une à luta dos movimentos sociais. E nós sabemos que a reforma
política é a mãe, é a porta de entrada que possibilitará, talvez, a
democratização da mídia, Eliane, e que ela é central, mas sem os mandatos
libertos do poder econômico, não será a mídia liberta do poder econômico. Todos
eles, os mandatos parlamentares, portanto, infelizmente, majoritariamente, a
representação política deste País que concentra renda, concentra riqueza,
impede o ingresso das mulheres na decisão política das mulheres e de todas as
outras minorias e, portanto, da pauta das mulheres. E a luta das mulheres
engajadas no fórum estadual pela reforma política é uma luta que encontrou
sentido e força para transformar a vida das mulheres.
E eu queria dizer para a Ceniriani que a gente quer
aqui também celebrar a ocupação Sarai. Sabemos que as gurias estão lá, hoje, na
homenagem simbólica, na Assembleia Legislativa, e toda a pauta colocada por ela
aqui é uma pauta do cotidiano do debate desta Casa; a pauta da reforma urbana,
em primeiro lugar, atinge e penaliza as mulheres. Com isso, eu quero homenagear
aqui as mulheres homenageadas pelas demais Vereadoras – eu não tenho os nomes
aqui, me desculpem. E quero, então, dizer que, quando nós lutamos pela
democratização da mídia, quando nós lutamos pela reforma política, quando nós
lutamos pela reforma urbana, nós estamos sendo profundamente feministas.
E a minha homenagem vai para pessoas que não estão
presentes aqui. Peço ao nosso colega que coloque as imagens no painel, porque
eu queria colocar a cultura e a educação – tão importantes quanto essas
reformas; cultura e educação de qualidade, transformadoras e acessíveis a todos
– como duas políticas públicas estratégicas da emancipação das mulheres. (Projeção de imagens.) E minha homenagem vai para as mais de 400 monitoras
que, agora, nesses três dias, estiveram em três momentos, pelo menos, em grande
número nesta Casa; monitoras que atuam com a educação infantil com uma das
pautas centrais das mulheres, que é a necessidade da educação infantil, da
creche para atendimento de seus filhos; monitoras que recebem muito pouco,
pouco mais de mil reais, que lutam há 20 anos pela valorização da carreira e
que tinham conquistado minimamente a mudança de padrão, e, lamentavelmente,
esta Casa não conseguiu segurar o Veto do Sr. Prefeito, derrubar o Veto do Sr.
Prefeito, homenageando essas mulheres. Então, eu não via sentido de homenagear
qualquer outra mulher hoje que não fosse essas bravas guerreiras monitoras.
Aqui temos várias cenas – se puderes ir passando – que mostram todo o dia a
face cruel da exploração do trabalho da mulher. Os homens, quando vieram aqui,
sejam os engenheiros com o movimento dos capacetes, sejam os procuradores,
sejam os fiscais de Fazenda, o DMAE, a Guarda, majoritariamente homens, Eliane
e gurias, todos conquistaram alguma melhoria salarial, alguma recolocação
depois de muita luta. As mulheres, quando vieram aqui em massa, quando foram ao
Prefeito em massa, levaram majoritariamente um “não”. Eu fiquei muito triste
ontem. A minha homenagem às mulheres é às monitoras da educação infantil do
Município de Porto Alegre. Quiçá a gente tenha para um 8 de março para elas
muito mais feliz no ano que vem. Agora, elas sabem, e sabem mais ainda, porque
viveram três das neste Parlamento, que a reforma política, gurias, é que vai
valorizar a educação, a cultura e a saúde, que é onde majoritariamente as
mulheres atuam.
Portanto, toda a força para as reformas, para este
País aprofundar o belo caminho que já vem trilhando na mão de uma gloriosa,
valorosa mulher, Dilma Rousseff, que enfrentou a ditadura, construiu a
democracia e que não aceita esta democracia apropriada pelo capitalismo e pelo
poder econômico e que vai ser líder da reforma política, e, com essa reforma, a
reforma urbana e a reforma da comunicação. Parabéns mulheres! (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
A SRA.
PRESIDENTE (Any Ortiz): Obrigada, Ver.ª Sofia Cavedon. A Ver.ª Mônica Leal
está com a palavra em Comunicações.
A SRA. MÔNICA
LEAL: Vereadora Any, é com imenso orgulho que eu a cumprimento, como
Presidente desta Casa, e à Mesa, que está composta pelas mulheres que aqui
atuam, diariamente, sempre lutando pelas causas de interesse da cidade de Porto
Alegre.
Eu queria fazer um registro aqui. Fiquei muito
feliz em ver, num primeiro momento, a nossa Emília Fernandes, que foi a primeira
Senadora do Rio Grande do Sul, e ela tão bem colocou a difícil e dura caminhada
política das mulheres e apontou a segunda Senadora mulher do Rio Grande do Sul,
a Senadora Ana Amélia Lemos, que muito nos orgulha, que fez 3.401.241 votos.
Quero também registrar a felicidade de escutar, da
Ceniriani, aquele discurso, aquela fala pela luta pela moradia – sim, a moradia
é o mais importante para nós mulheres, nós que somos mães –, e também a Eliane,
que falou sobre a importância dos meios de comunicação, nos tempos de hoje,
para essa nova mulher, que eu costumo dizer que é como “Bombril, 1001
utilidades”, atende todas as frentes e, de forma alguma, esquece do seu lado de
ser feminino, do seu lado mulher.
Eu hoje vim a esta tribuna fazer uma homenagem a
uma pessoa que é muito especial, que eu tenho a honra de apresentar, que é a
Rozeli da Silva, essa mulher pequena no seu tamanho e grande nas suas ações; é
uma brasileira, uma gaúcha, uma porto-alegrense nascida no bairro Partenon, mãe
de quatro filhos, gari e presidente. Sim, presidente, eu disse presidente.
Rozeli fundou e preside, desde 1998, a ONG Centro Infantil Renascer da
Esperança. Ora, quem conhece um pouco da Restinga, conhece a Renascer, a
Esperança e a sua presidente, a Rozeli.
O Sr. Kevin
Krieger: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Mônica, eu
queria aproveitar exatamente esta oportunidade, agradecer a Rozeli e parabenizar as Vereadoras, a Nora
também, todas as homenageadas. A Rozeli foi uma das grandes incentivadoras para
que eu concorresse ao Conselho Tutelar em 2001, porque, em 1998, Jussara, eu
tentava dar aula de futebol para a gurizada todo o sábado, e ela insistia
comigo, Ver.ª Mônica, dizendo que eu deveria concorrer ao Conselho Tutelar.
Então, se hoje eu estou aqui, muito é por causa dessa mulher, não tenha dúvida
disso, e também de uma mulher que eu tenho em casa, e que sigo muito, que é a
minha mãe, Dona Elaine Krieger. Então, quero aproveitar, neste minuto que tu me
deste, para fazer esta homenagem e também agradecer a Ver.ª Any, que preside a
Sessão. E quero dizer a Ver.ª Jussara que o Partido Progressista já cumpre não
só com 50%, mas 60% dos espaços que hoje nós temos no Governo Municipal, com
muito orgulho, são preenchidos com mulheres.
A SRA. MÔNICA LEAL: Obrigada, Ver. Kevin. Esta cidadã chamada
Rozeli concretizou seu sonho de criar uma organização para auxiliar as meninas
e meninos na luta contra o abandono, o perigo nas ruas, o tráfico, a violência.
Isso, porque essa cidadã, essa mulher chamada Rozeli, passou fome, ela viu de
perto uma triste realidade. Teve de aprender a se virar sozinha, conheceu a
maternidade muito cedo e a violência doméstica em dois casamentos. Nessa época,
Rozeli, ainda analfabeta, tornou-se uma gari, e foi varrendo as ruas do Centro
que reviveu muito da sua juventude difícil, observando crianças entregues ao
relento e ao crime, vivendo de moedinhas e tentando sobreviver. Sempre que
podia, ajudava dando comida, e nesse contato foi que surgiu a determinação de
conseguir meios para cuidá-los e tirá-los dali. Aí ela se separou, vendeu a
casa e investiu tudo o que tinha na ONG. No começo, chegou a usar o seu salário
para manter o projeto: do trabalho de alguns voluntários da própria comunidade
para um grupo de mais de 30 funcionários; de uma sede emprestada na Associação
de Moradores da 3ª Unidade da Restinga para a sede própria, construída com a
ajuda de empresas gaúchas. Daquela ajuda dada a algumas crianças que encontrava
pelas ruas de Porto Alegre para o atendimento a mais de 200 jovens cidadãos
entre 3 e 17 anos, que lá encontram alimento, educação, profissionalização,
informação, autoestima, limites, apoio e esperança. Por tudo isso e muito mais,
é que simbolizo nessa mulher guerreira e abnegada a minha homenagem a todas as
mulheres que, diariamente, buscam a paz e fazem da sua trajetória difícil a sua
luta para um mundo melhor. Muita obrigada, Rozeli. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
A SRA.
PRESIDENTE (Any Ortiz): Muito obrigada, Ver.ª Mônica Leal. Parabéns à
Rozeli. Parabéns por essa história. Eu gostaria de fazer um convite, por uma
questão cronológica e de imenso respeito, à Ver.ª Jussara Cony, para que ela
assuma a presidência para eu poder fazer a minha manifestação.
(A Ver.ª Jussara Cony assume a presidência dos
trabalhos.)
A SRA.
PRESIDENTE (Jussara Cony): Acalmem-se, homens e mulheres, eu adorei a questão
cronológica. Adorei porque principalmente nós, mulheres, Ver. Bernardino,
assumirmos o nosso tempo de vida ao lado do tempo histórico é maravilhoso. Eu
adorei, Any!
A Ver.ª Any Ortiz está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. ANY
ORTIZ: Sra. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu também
gostaria de fazer um agradecimento especial aos Vereadores que estão aqui presentes.
Acho importantíssima a participação de vocês, por isso que eu gostaria
inclusive de citá-los: Vereadores Kevin Krieger, Brasinha, Delegado Cleiton,
Bernardino Vendruscolo e Ezequiel, o qual é bem-vindo. É importante, na nossa
quinta temática em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, contarmos, mesmo
que seja numa imensa minoria, com vocês para nos ouvir, para saber um pouco
mais dessas questões, porque a nossa luta é por um mundo de igualdade entre
homens e mulheres – registro a presença do Ver. Waldir Canal no plenário – não
só hoje, mas em todo o mês de março, em todos os dias do ano devemos fazer
reflexões sobre o papel da mulher na sociedade e os espaços ocupados por nós
dentro desta sociedade. Lembro que o Dia Internacional da Mulher é um dia de
luta e um dia de lutar contra o preconceito, por uma sociedade mais
igualitária, com direitos e com deveres iguais.
Eu escolhi, hoje, fazer a minha homenagem a uma
mulher que admiro muito, que luta e que faz dessa luta o seu alimento diário e
a sua razão de existir: a Sra. Nora Nei da Silveira Ferreira, moradora há quase
40 anos da Vila Gaúcha, uma mulher lutadora, guerreira, encantadora, adorável e
que dedica uma grande parte da sua vida para ajudar os outros e fazer muito
pela sua comunidade e pelo bem-comum. Nora, que mora no Morro Santa Tereza, na
Vila Gaúcha, onde criou seus filhos, seus netos, conquistou a comunidade onde
mora, sempre engajada nas lutas sociais, que não são poucas. É reconhecida como
uma grande liderança dentro da comunidade, e, entre outras tantas coisas,
auxilia muito as mulheres que sofrem violência doméstica, dando orientação,
auxílio, uma palavra amiga e até abrigo, quando necessário.
Sabemos que a Lei Maria da Penha, realmente um
marco normativo no nosso País no combate à violência doméstica e familiar
contra a mulher, é fundamental, mas muitas mulheres acabam voltando para casa,
para o convívio do agressor, por não terem condições de trabalho, habitação e
como sustentar de uma forma digna a si e os seus filhos. E muitas vezes, não
resta outra alternativa para essas mulheres, e assim elas continuam passando
por humilhações e sofrimentos. E por isso é fundamental o aceso à educação e a
inserção dessas mulheres vítimas de violência doméstica e chefes de família no
mercado de trabalho. E eu aproveito também para, mais uma vez, parabenizar a
Ver.ª Jussara Cony pela iniciativa de apresentar o PLL que foi aprovado por
todas nós, para todos nós aqui, por unanimidade, nesta Casa, na segunda-feira.
É fundamental que o Município, o Estado e o País estejam em vigília permanente
na busca de instituir políticas públicas para proteção e garantia do direito
das mulheres, na busca de igualdade, respeito e da nossa integridade física,
mental e moral, com segurança, ocupando os espaços de poder na luta pela
emancipação das mulheres não só de Porto Alegre, mas de todo o mundo. Quando
subimos o morro da tv, nós vemos uma imponência muito grande lá de cima. Nós
vemos o próprio morro, a vista da cidade, o rio Guaíba, o centro de Porto
Alegre, mas o mais importante desse cenário é que depois de observamos todas
essas vistas maravilhosas a gente vê, a gente enxerga gente humilde, gente
trabalhadora, gente honesta, e a gente enxerga a imponência dos líderes. E, a
partir daí, nós enxergamos a imponência de uma mulher, que eu posso afirmar
para vocês que ninguém de Porto Alegre, ninguém do Estado e ninguém do País
sobe ao morro Santa Tereza sem enxergar a imponência de uma mulher, que é a
Nora Nei. Quem chega ao morro e vê aquela mulher na entrada da vila, por vezes
mais quieta, observando o movimento, olhando quem se aproxima e cuidando
daquele ambiente. Outras vezes em uma correria enorme, recebendo alguém,
buscando auxílio, procurando por segurança, muitas vezes para os outros, nem
sempre para ela. Mas quem chega ao morro, qualquer um que seja, pode ser
médico, agente de saúde, Secretário da Prefeitura, carteiro ou policial, vai
dar de cara com alguém, e esse alguém é a Nora. Uma mulher que, apesar de todas
as dificuldades, deu uma criação exemplar para os seus filhos, para os seus
netos, fazendo-os trabalhar e estudar – apesar de todas as dificuldades. A
imponência da Nora está em todos os seus atos, até quando não encontra respaldo
para ajudar um neto que foi baleado sem explicação numa dessas noites. Mas é a
vida, Nora, o importante é que ele está vivo, o importante é que ele está se
recuperando, com muita fisioterapia, com a tua fé e a tua perseverança. Tenha
certeza, vamos chegar lá.
E se não bastasse os filhos e os netos, a
grandiosidade da Nora está também nos seus filhos de coração, nos seus
incontáveis filhos do coração. E cito aqui os que fazem parte de um projeto
realizado na Casa Amarela, uma casinha que tem o dedo, a mão, o coração desta
mulher maravilhosa e a sua grandiosidade. Para ela esse trabalho e essas ações
servem para continuarem lhe dando força e para seguir em frente cada vez mais.
As mulheres são a base da família, são a base da
sociedade, e, segundo pesquisa, a cada quatro minutos uma mulher é agredida
dentro do seu próprio lar. Milhares de mulheres são abusadas sexualmente,
moralmente, todos os anos em nosso País. Dos cargos ocupados no Executivo,
apenas 2% é ocupado por mulheres, sendo que somos mais de 50% da população.
Portanto, conhecendo e avaliando esses dados, temos certeza de que precisamos
avançar na luta para combater o preconceito, a desigualdade e a discriminação.
E temos que trabalhar para que a nossa luta não fique restrita ao dia 8 de
março ou a uma semana, mas que em todos os dias do ano possamos celebrar nossas
conquistas e avançar cada vez mais na garantia dos nossos direitos. Quero
parabenizar a cada uma das homenageadas aqui, às mulheres que representaram as
suas entidades, destacando a força, a garra, a coragem e o despreendimento que
tão bem as caracterizaram. Parabéns! Vamos em frente com muito mais conquistas,
sempre na luta.
Para finalizar, quero dizer que infelizmente não
podemos chamar esse dia de um dia de festa, mas sim um dia de luta, um dia por
um mundo em que sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente
livres.
Nora, hoje quero te fazer essa homenagem e não queria te trazer flores. Eu quero te dar, em vez de flores, todo
o meu respeito e toda a minha admiração. Por isso, dentro duma simbologia,
porque a gente se conhece há muitos anos, eu quero te oferecer um livro. Eu
conheci, uns anos atrás, uma Nora; agora, eu conheço uma outra Nora, que vê o
mundo diferente e que pode ler sozinha esse livro. Tu és uma guerreira: com
mais de 50 anos de idade, entraste para a escola e hoje sabes ler e escrever.
Tu mereces o meu imenso respeito. Que tu possas desfrutar essas poesias, que
sigas em frente com uma vida muito mais digna, com uma vida que vai valer a
pena para todos nós, e com muita poesia. Muito obrigada a todos os presentes,
muito obrigada pela atenção, e parabéns a todas as mulheres. (Palmas.)
(Não revisado pela
oradora.)
(Procede-se à entrega
do livro.)
A SRA. PRESIDENTE (Jussara Cony): Comunico,
neste momento – e quero dizer de uma forma muito especial aos queridos
Vereadores homens –, a necessidade de eu me retirar. Não somente a Emília está
sendo homenageada, mas várias mulheres estão sendo homenageadas, no Palácio
Piratini, com o Troféu Márcia Santana, companheira de luta que perdemos tão
cedo, que foi nossa Secretária de Políticas para as Mulheres. Então, neste
momento, eu tenho mesmo que me retirar para poder estar lá também, no primeiro
ano do Troféu Márcia Santana.
(A Ver.ª Any Ortiz
reassume a presidência dos trabalhos.)
A SRA. PRESIDENTE (Any Ortiz): Muito
obrigada, Jussara. Gostaria de chamar agora, para fazer uso da tribuna, o Ver.
Bernardino, que se inscreveu há bastante tempo, está aqui esperando a sua vez
de falar. Ver. Bernardino, é uma honra para mim estar presidindo esta Sessão e
poder ouvi-lo, assim como os outros Vereadores que se inscreveram. Muito
obrigada.
O Ver. Bernardino
Vendruscolo está com a palavra em Comunicações.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Ver.ª Jussara
Cony, eu gostei quando a senhora disse: “Nós, as mulheres, Bernardino...” É uma forma
carinhosa que uso para homenagear V. Exa. e todas as mulheres. Mas eu vi que
foi força de expressão, mas de forma carinhosa.
Queremos aqui, em nome do PROS, fazer homenagem a
todas as mulheres e sugerir que, numa outra oportunidade, nós, homens, possamos
ter a liberdade de homenagearmos as mulheres. A Ver.ª Séfora Mota me chamou até
de menino, mas eu também gostei, também é homenagem para mim. E é verdade,
nesta Casa – e aqui é preciso fazer este registro –, nós, os Vereadores, todos
temos uma admiração muito grande pelas senhoras que representam o parlamento
gaúcho, pelas servidoras desta Casa, tanto de carreira quanto as assessoras.
Queremos cumprimentar todas. Eu acho que aqui nós não temos esse problema de
discriminação. Vários de nós temos, nos nossos gabinetes, mulheres, negras,
brancas, enfim, aqui não temos esse problema. Porque a gente vê muito discurso
e, às vezes, na prática é diferente. Então, eu quero homenagear todos os
brasileiros, homens e mulheres, que valorizam a mão de obra feminina,
independente de cor. Eu quase que não acredito que possa existir essa
discriminação, porque quando a gente não tem esse princípio, a gente não aceita
essa possibilidade. Mas nós respeitamos aqueles que denunciam, porque, se
denunciam, é porque existe. Mas não é o nosso caso aqui, de Vereadores; eu, em
particular, também não tenho esse problema. A maioria da equipe do meu gabinete
é de mulheres; no meu escritório profissional também. Então, eu não tenho esse
problema e venho à tribuna para registrar e homenagear todos os brasileiros,
homens e mulheres, que valorizam a mão de obra feminina, que respeitam a mulher
como ser humano, como tem que ser, sem ver essa possibilidade em que há,
algumas vezes, questionamento, que a mulher não pode exercer essa ou aquela
profissão. Hoje, nós estamos vendo mulheres inclusive no Corpo de Bombeiros;
mulheres dirigindo empresas. Então, eu tenho até uma certa dificuldade em
aceitar essas situações de discriminação. Mas, como muito se comenta, a gente
passa também a respeitar esses comentários. Nós não temos esse problema.
Aproveito este momento para homenagear as mulheres e frisar, acima de tudo,
que, se há pouca representação aqui das mulheres, esse discurso tem que ser
dirigido para os eleitores, e talvez seja importante fazer esse chamamento antes
do período eleitoral, porque durante a campanha eleitoral vale tudo, como se
diz, ou quase tudo. Não adianta nos escondermos ou tentar nos escondermos da
realidade. Os parlamentos representam a vontade popular, Ver. Waldir Canal,
Ver. Kevin Krieger, Ver. Delegado Cleiton, Ver. Alberto Kopittke, que aqui nos
acompanham, Ver. Alceu Brasinha, que até há pouco estava aqui nos acompanhando.
Eu só gostaria de fazer também um reparo, se vocês me permitirem. A ex-Senadora
Emilia Fernandes, que é histórica para nós, foi a nossa primeira Senadora, mas
nós ainda temos uma Senadora, a Senadora Ana Amélia. Então, precisamos também
homenageá-la. As senhoras todas se sintam cumprimentadas pelo PROS e contem com
a nossa colaboração naquilo que for possível para pregar o respeito e o
reconhecimento de tudo aquilo que é possível fazer, e a mulher faz e contribui
em todos os níveis da sociedade, tanto comercial, profissional como social.
Parabéns a vocês, mulheres.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Any Ortiz): O Ver. Waldir Canal está com a palavra em
Comunicações.
O SR. WALDIR
CANAL: Sra. Presidente desta Sessão, Ver.ª Any Ortiz, cumprimento a senhora, cumprimento também a Mesa formada pelas mulheres nesta Sessão temática
tão importante que trata sobre essa data simbólica que homenageia as mulheres
de uma forma geral: as mulheres lutadoras, as mulheres que lutam por seu
espaço, pelo reconhecimento de seus direitos, as mulheres que são maioria no
nosso País. Nós temos, no Brasil, 190 milhões de pessoas, desse número, 51% são
mulheres. As mulheres são maioria no Brasil. O País, hoje, é governado por uma
Presidente, é governado pela nossa Presidente Dilma.
Nós vivemos novos
tempos; tempos que são muito bem-vindos, tempos de reconhecimento. Mas existem
algumas pessoas e os homens, infelizmente, muitos deles não reconhecem que os
tempos mudaram. E a falta de sensibilidade, o comportamento machista, o
comportamento de tratar a mulher como uma propriedade têm levado a assistirmos
tantas tragédias, aberrações, violências contra as mulheres, infelizmente. Há
muitas mulheres que não são obrigadas a manter uma relação, uma união, mas não
conseguem mais se livrar dessa relação, por serem tratadas como propriedade,
sem direito à felicidade, sem direito a constituir uma nova família, sem
direito a viver, porque a pessoa acaba vivendo de uma maneira oprimida.
Nós temos visto aí
tragédias, mulheres sendo mortas brutalmente por causa desse comportamento
animal. Chega a ser um comportamento animal de algumas pessoas, de alguns homens
que, infelizmente, não veem, não conseguem se situar na mudança de tempo,
mudança de vida.
Eu quero falar,
também, das mulheres, Sra. Presidente, que têm servido de exemplo, de ânimo
para as mulheres que, infelizmente, têm vivido a violência doméstica, a
violência não só dentro de casa, mas na rua. Nós temos exemplos de mulheres, como a
nossa Presidente Dilma, que nos orgulha muito; nós temos, hoje, mulheres que
ocupam espaços que, antes, eram ocupados apenas por homens; mulheres
trabalhando na construção civil; mulheres – como o Ver. Bernardino disse –
dirigindo ônibus; nós temos, no Rio de Janeiro, uma mulher comandando um
importante trabalho da Polícia Militar: a UPP da Rocinha, que é uma região
violenta, complicada e até machista, em muitos momentos, dominada pelo tráfico;
nós temos, também, nas Forças Armadas... Enfim, eu quero homenagear as
mulheres, aqui, chamando a atenção para as mudanças que nós estamos vivendo,
que, há muito tempo, já estão aí para quem quiser ver. E nós precisamos de
políticas públicas.
Esta semana, estivemos na inauguração do Centro de
Referência e Atendimento à Mulher em Situação de Violência, aqui no Município.
O Prefeito esteve apoiando a criação desse Centro de Referência, com a
Secretária Waleska, desenvolvendo um trabalho cuidadoso. Quem deu nome ao
Centro de Referência foi uma mulher, vítima de violência, brutalmente
assassinada pelo seu ex-marido – além dela, o filho pequeno também foi
assassinado. Duas perdas irreparáveis pela violência, pela insatisfação, pelo
sentimento de propriedade, pela forma totalmente reprovável como os homens têm
encarado a questão das mulheres.
Nós, aqui, na Câmara de Vereadores, temos o dever
de zelar por legislações e políticas que venham ao encontro das necessidades
das mulheres. Precisamos valorizá-las e respeitá-las; precisamos, cada vez
mais, da presença delas no Parlamento, na vida profissional, em todos os
lugares. Há mulheres que não têm tido, ainda, essa oportunidade; existem
mulheres que, infelizmente, estão alheias a essas oportunidades. Elas precisam
entender que o Poder Público, a Câmara de Vereadores, os Governos Municipal,
Estadual e Federal, devem auxiliá-las no ingresso em uma vida independente,
tanto profissionalmente, como na sua situação familiar e doméstica. Um grande
abraço; parabéns a todas as mulheres!
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Any Ortiz): Muito obrigada, Ver. Waldir Canal. Eu gostaria,
para poder me despedir da minha homenageada, de convidar o Ver. Delegado
Cleiton, que também é da Mesa Diretora, para ocupar o espaço como Presidente.
Agradeço imensamente ao Ver. Delegado Cleiton por poder me substituir aqui. E
também desejo boas-vindas ao Ver. João Ezequiel.
(O Ver. Delegado Cleiton assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Ver. João Ezequiel está com a palavra em
Comunicações.
O SR. JOÃO
EZEQUIEL: Obrigado, Presidente. Eu queria aqui aproveitar também, já que o tema é
o 08 de março, o tema é homenagem às mulheres, queria aqui homenagear as
Vereadoras presentes, dizer que nós, do PSOL, a gente trava uma luta muito
forte em defesa das mulheres. Temos o entendimento que muito se avançou no
campo dos direitos das mulheres no Brasil, mas a gente ainda entende que
persiste um machismo ainda muito forte não só aqui em Porto Alegre, no Rio
Grande do Sul, mas também no Brasil, e esse tema sempre tem que estar sendo
debatido para que a gente possa, de fato, chegar na igualdade total entre homem
e a mulher.
Eu quero dizer para vocês que na saúde a gente tem
uma frase que a gente diz assim: por conta de que na área da saúde não é
maioria, mas a extrema maioria, a grande maioria dos profissionais na saúde são
mulheres, portanto, a gente diz que na saúde, quando a saúde está em luta
significa que as mulheres estão em luta. Eu quero dizer que me sinto muito
orgulhoso de ser dirigido por mulheres; o meu partido tem uma grande expressão,
tem uma grande dirigente, e quero aqui homenagear essa figura que vai ser nossa
candidata a Vice-Presidente da República do Brasil, que é a Luciana Genro,
quero aqui fazer uma grande homenagem a essa lutadora que tem aí uma trajetória
brilhante em toda a sua carreira política; é muito reconhecida no País afora.
Quero dizer que me orgulho muito de ser dirigido por essa guerreira, que esteve
à frente do Congresso Nacional, como Deputada Federal, e que teve uma
impossibilidade de candidatura por conta de o pai ser Governador, enfim. Mas,
agora, neste ano, em 2014, vamos lançar Luciana Genro como Vice-Presidente na
nossa chapa do PSOL, encabeçada pelo Senador Randolfe.
Quero aqui aproveitar para dizer que, no dia 8 de
março de 2011, aconteceu um fato muito triste em Porto Alegre; alguns
Vereadores aqui puderam acompanhar. Nos fizemos uma grande luta em defesa dos
servidores da Fugast; eram mais de 500 que estavam espalhados pelo Estado do
Rio Grande do Sul, e, no Hospital Presidente Vargas, havia cerca de 300
trabalhadores, na sua maioria mulheres. E vejam vocês que, no dia 8 de março,
no Dia Internacional da Mulher, de 2011, esses trabalhadores tiveram, então, a
sua demissão decretada. Eu quero aqui fazer uma homenagem às trabalhadoras,
minhas colegas, muitas delas estão até hoje desempregadas; depois de prestarem
serviços para esta Cidade e para este Estado por mais de 20 anos, hoje estão
desempregadas. Eu quero aqui fazer uma homenagem à Maria da Conceição da Silva,
quero fazer uma homenagem à Ariete, quero fazer uma homenagem à Elisângela
Soares e a todas as trabalhadoras da Fugast, que foram demitidas em 2011.
Inclusive, até hoje, muitas delas ainda não tiveram a sua rescisão paga por
conta de uma manobra do então Governador Tarso Genro, que orientou, sim,
publicamente, através da imprensa, que aquelas trabalhadoras e trabalhadores
entrassem na Justiça para receber a sua rescisão, e aqueles que entraram acabaram
não recebendo. Para receber a rescisão, teriam que tirar a ação da Justiça,
muitos não tiraram, então, até hoje, e ainda não tiveram a sua rescisão paga.
Quero fazer uma homenagem a essas trabalhadoras, muitas têm que sustentar suas
famílias e continuam desempregadas.
Quero também fazer uma homenagem, por fim, a todas
as trabalhadoras da saúde municipal, servidoras municipais da saúde que hoje
estão em luta. E reforço aqui: estaremos paralisando os pronto-atendimentos e
os hospitais no dia 26 e 27. Por último, quero fazer uma grande homenagem à
minha companheira, Malu Villaverde, e à minha mãe, que já não está mais entre
nós, a minha mãe de criação, Eva da Silva, uma velha negra, que me ensinou a
ler e escrever. Então, quero homenagear a minha mãe de criação, Eva da Silva,
já falecida, que me ensinou a ler e escrever quando eu tinha cinco anos de
idade. Depois que ela faleceu, quero fazer uma homenagem para Áurea da Silva,
que foi a minha segunda mãe de criação. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): Obrigado, Vereador, seja bem-vindo à nossa Casa.
Já expressei o meu respeito e as boas-vindas ao senhor. Solicito à Ver.ª Mônica
Leal que assuma a presidência dos trabalhos.
(A Ver.ª Mônica Leal assume a presidência dos
trabalhos.)
A SRA.
PRESIDENTE (Mônica Leal): O Ver. Delegado Cleiton está com a palavra em
Comunicações. Enquanto isso, esta Vereadora fica no comando dos trabalhos, com
muita honra, numa sessão que homenageia as mulheres.
O SR. DELEGADO
CLEITON: Sra. Presidente, com muita honra, Ver.ª Mônica Leal, Srs. Vereadores. Eu
quero aqui, em nome da Maristela, Guarda Municipal, prestar uma homenagem a
todos e a todas da Guarda Municipal, inclusive pelo belo trabalho que fizeram
na manutenção da ordem no dia da audiência pública do transporte de Porto
Alegre.
Eu gostaria também de homenagear em nome da Zaira e
da Márcia, das duas Márcias, que agora estou vendo a minha querida Márcia,
homenagear todas as funcionárias desta Casa, também homenagear todas as Vereadores.
Em seu nome, Vereadora, homenagear todas as Vereadoras, as colegas que aqui
lutam por maior dignidade, na causa das mulheres e as causas do povo
porto-alegrense. Eu gostaria também de homenagear as minhas assessoras, a
Silvia, Pietra, Rosângela, e a minha coordenadora de gabinete, Rejane. Também
gostaria de homenagear a minha esposa, Iraci Faé, e a minha filha, Victoria
Faé. O Ezequiel falou que quando a saúde está em luta, as mulheres estão em
luta também; Ezequiel, eu acho que todas as grandes causas estão em luta com as
mulheres. Então, aqui eu quero repetir a tua frase: quando a segurança pública
está em luta, as mulheres estão em luta. Por isso, queria prestar uma homenagem
a minha Vice-Presidente da Associação dos Delegados, a Delegada Nadine, e
também prestar uma homenagem à Delegada Áurea, da 6ª DP da Zona Sul, que hoje
elucidou um crime, infelizmente, de alguém que já vinha praticando esse crime
há bastante tempo.
Então, quero falar das causas das mulheres, falar
das lutas do cotidiano, da luta em casa, da luta para criar os filhos, muitas
vezes, solitária. A luta das mulheres para criar os filhos, muitas vezes, com
seus maridos presos. Nós vimos agora, esta semana, quando fomos fazer uma
homenagem lá no Presídio Madre Pelletier, mães que, dali alguns dias, terão que
se separar de seus filhos, ficar longe dos seus filhos, porque quando os seus
filhos alcançam seis meses de idade, eles têm que se separar da mãe. O filho e
a mãe estão nessa integração, e muitas estão ali assumindo o papel de pai e de
mãe.
Então, quero homenagear essas guerreiras, essas
mulheres que tanto lutaram para que pudessem votar e essa luta é das mulheres.
Eu sempre falo da sensibilidade de um Governo trabalhista, que foi o Governo de
Getúlio Vargas, mas essa luta era também de imposição das mulheres. Então,
senhores, tudo o que eu falar aqui vai ser pouco: a mulher agredida, a mulher
que está à frente da sua comunidade, como muitas e muitas presidentes
comunitárias. Mando um abraço para a minha querida amiga Margarete, Presidente
da Associação da Espírito Santo, e, em nome dela, a todas as mulheres que
militam nos seus bairros. Também faço aqui uma homenagem a Laura, uma grande
guerreira comunitária. Então, eu gostaria de hoje juntar o Dia das Mulheres ao
dia 14, amanhã, quando Abdias Nascimento completaria 100 anos; esta Câmara
consagrou o dia 14 de março como o Dia da Afirmação Negra, e teremos também o
viaduto com o nome de Abdias Nascimento.
Essa luta das mulheres já é difícil, e mais difícil
ainda a das mulheres negras. Gostaria de ler aqui um poema em homenagem a todas
as mulheres, do nosso poeta, símbolo da negritude de Porto Alegre e do Brasil, Oliveira
Silveira: “Sinto, às vezes, que sou uma criança sem mãe, é, sinto às vezes que
sou uma criança sem mãe, que vai pelo mundo a procura de quê? De quem? Sinto às
vezes que sou uma criança sem mãe. Que negro poderá dizer que nunca se sentiu
uma criança sem mãe que pelo mundo vai? que pelo mundo vai? Que negro poderá
dizer que nunca se sentiu uma criança sem mãe que vai pelo mundo a procura de
quê? De quem? Que negro poderá dizer que nunca se sentiu uma criança sem mãe
mesmo em África-mãe? É, nenhum poderá dizer que nunca se sentiu uma criança sem
mãe que vai pelo mundo a procura, talvez, da suave mãe chame: vem. Da doce voz
que diga: fim. Sinto às vezes que sou uma criança sem mãe. É.” Eu gostaria
então de homenagear todas as Vereadoras, simbolicamente, com essa poesia, em
nome de uma guerreira, de uma Vereadora, a nossa querida Jussara Cony. Esta
Vereadora é uma guerreira que, além de mãe do João, da Ana, do César, da Estela
e do Carlos, ela abraça e traz para si, com aquele coração e aquela força de
mãe, toda a sociedade, homens e mulheres de Porto Alegre. Sintam-se assim
homenageadas as mulheres, e força cada vez mais às mulheres do mundo. Obrigado.
(Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Mônica Leal): O Ver. Kevin Krieger está com a palavra em
Comunicações.
O SR. KEVIN
KRIEGER: Boa-tarde. Queria cumprimentar a nossa Presidente, a Ver.ª Mônica, que muito
orgulha o Partido Progressista de Porto Alegre. Quero cumprimentar também todos
os Vereadores e Vereadoras, o público que está nos assistindo. Eu não poderia
deixar de vir aqui nesta Sessão muito importante que homenageia as mulheres,
para fazer principalmente, Ver.ª Mônica, o nosso reconhecimento a ti e à Ver.ª
Any Ortiz, que hoje prestaram homenagem a duas grandes mulheres: à Rozeli da
Silva e à Nora Nei, que têm histórias parecidas, mas que fazem a grande
diferença na nossa cidade de Porto Alegre. A Nora está voltando ao plenário, e
a Rozeli, infelizmente, teve que sair porque tinha outra homenagem. Mas são
duas mulheres negras e são duas mulheres que fazem, Nora, muita diferença no
dia a dia na vida de crianças e adolescentes, fazem a diferença na vida de
muitas mães e de muitos pais. Parabéns a ti. Parabéns à Rozeli, parabéns à
Mônica e à Any Ortiz, que fazem desta tarde de hoje uma justa homenagem. E, sem
dúvida nenhuma, se não fossem mulheres como vocês, as nossas crianças e nossos
adolescentes não teriam o serviço de convivência que têm no turno inverso ao
escolar. Parabéns e o reconhecimento do Partido Progressista ao que vocês fazem
à cidade de Porto Alegre, a ti, à Rozeli e a todas as mulheres que fazem muito
por nossa Cidade. O nosso carinho, o nosso respeito e a nossa admiração. Queria
também parabenizar todas as mulheres que, ao longo dos anos, vêm lutando para
conquistar os direitos e que muitas vezes até tornam a vida de vocês um pouco
mais fácil do que foi há muitos e muitos anos, que foi uma luta na conquista de
muitos direitos que hoje as mulheres têm, que hoje nos representam. Aí, eu
quero fazer uma referência a duas mulheres do Partido Progressista: uma que
está aqui presidindo esta Sessão, que é a Líder da nossa Bancada – são quatro Vereadores
e uma mulher na Bancada, que é a Líder; isso demonstra como o Partido
Progressista respeita as mulheres. E é uma mulher de muita posição e coragem.
Isso é muito importante. Também quero fazer uma homenagem à nossa Líder
nacional, a Senadora Ana Amélia Lemos, que vem representando o Rio Grande do
Sul muito bem, dando exemplo de política, de liderança, de ética e
responsabilidade. Então, à nossa Senadora Ana Amélia Lemos, a nossa admiração,
o nosso respeito, e que ela possa sempre nos representar onde estiver. Com
certeza, estaremos de braços dados, junto com ela, para fazer o melhor pelo
Brasil e pelo Rio Grande do Sul.
Ver.ª Mônica e Nora Nei, uma grande amiga, não
posso me furtar de homenagear duas mulheres, além de todas as que procurei
lembrar, hoje, aqui, e todas as que estão me assistindo, se hoje estou nesta
tribuna, devo a uma pessoa. A Nora conhece bem; a Mônica conhece bem. Ela se
chama Elaine Krieger, a minha mãe, que foi a minha grande incentivadora, Ver.
Ezequiel, que nos soma muito, hoje, com a sua posse na Câmara de Vereadores;
temos muitas divergências, mas sempre olhamos olho no olho e nos respeitamos
muito. Então, a minha homenagem à minha mãe querida, de quem tenho muito
orgulho e que está passando por um momento muito difícil de saúde, mas não
tenho dúvida de que ela vai vencer, porque é uma guerreira; antes de qualquer
coisa, ela não desiste nunca, é uma mulher de verdade.
E também a minha esposa, a Fernanda. Há cinco anos
a encontrei e fez a grande diferença na minha vida. Quero lhe dizer, Fernanda,
minha esposa, meu amor: muito obrigado pela sua parceria, muito obrigado pelo
seu companheirismo, porque ser mulher de político não é fácil, não é Ver.ª
Mônica? Muitas vezes, nós passamos um tempo maior fora da nossa casa e, se a
nossa mulher não nos acompanhar, Ezequiel, não tenha dúvida de que nós não
vamos ter sucesso. Então ela é uma grande amiga, uma grande parceira, uma
grande companheira. O mínimo que eu podia fazer, Ver.ª Mônica, é homenagear
essas duas mulheres da minha família, pelas quais tenho muito respeito e que,
sem dúvida nenhuma, me fazem crescer todos os dias com muito carinho, com muita
dedicação e com muita paixão. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Mônica Leal): O Ver. Alberto Kopittke está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ALBERTO
KOPITTKE: Prezados colegas, em especial saúdo o Ver. Delegado Cleiton, o Ver.
Kevin Krieger e a Ver.ª Mônica Leal, que, para nossa alegria, preside esta
Sessão, em nome de todas as Vereadoras, que já são oito aqui na Casa. O que é
bom, mas eu acho pouco, e sei que a senhora também, não é Ver. Delegado Cleiton
e Ver. Ezequiel? Querido amigo, seja muito bem-vindo aqui às nossas lutas por
uma cidade cada vez mais justa. Com certeza, vais contribuir muito com esta Casa,
Ver. Ezequiel.
Mas eu ainda sonho com o dia em que nós nem vamos
mais discutir esse assunto, porque vai ser garantida às mulheres metade dessas
cadeiras. Aqui, na Câmara de Vereadores, somos 36, e 18 cadeiras serão para as
mulheres de Porto Alegre, garantidas, assim como 260, 270 no Congresso, a mesma
coisa no Senado, na Assembleia, nos Tribunais de Justiça, nos Ministérios
Públicos. Em todos os espaços de poder nós ainda temos que conquistar, Ver.ª
Mônica, aquilo que está na Constituição, que é a igualdade entre os
brasileiros, que ainda não se tornou realidade, e nós um pouco que estagnamos
nos espaços de poder a inclusão da mulher, e essa é uma luta que tem que ser
diária; temos a comemorar, mas temos muito ainda a lutar. No Congresso
Nacional, se não me falha a memória, são 8%, retrato de uma sociedade ainda
machista. Nós precisamos nos olhar no espelho e procurar as tradições
históricas de décadas, de séculos, de milênios, que nos fazem ainda hoje ser
uma sociedade onde um homem branco, Delegado Cleiton, recebe 70% a mais do que
uma mulher negra fazendo o mesmo trabalho. Dados do IBGE de 2010.
Mas quero saudar aqui rapidamente, estava vindo
aqui fazer o meu pronunciamento e vi no jornal O Sul a foto da nova Presidente
reeleita do Chile, Michelle Bachelet, com a Presidente Cristina Kirchner e a
Presidente Dilma, porque hoje as três nações mais poderosas aqui da América do
Sul são governadas por mulheres, e isso é um grande avanço, isso é um avanço
histórico para todas as mulheres. Quero destacar a fala da Presidente Dilma no
dia 8 de março, porque creio que a luta feminista, a mais importante das lutas
dos últimos 200 anos, que mais transformou a sociedade em todo o mundo – é o
feminismo –, só é coerente com a transformação da sociedade, porque senão fazemos
homenagens mas não mudamos a vida daquela mulher, que é quem mais sofre a
opressão da sociedade, e a Presidente muito bem destacou que metade dos 4,5
milhões de empregos gerados no seu Governo são de mulheres; que 93% das bolsas
do Bolsa Família são destinadas e coordenadas pelas mulheres em suas
residências; 60% das vagas do maior programa de educação profissional da
história do Brasil, o Pronatec, são ocupadas por mulheres; 60% das casas do
Minha Casa, Minha Vida são contratos assinados,
na Caixa, por mulheres. Essa é a verdadeira luta do feminismo, é a luta da
inclusão social e a luta da inclusão da mulher.
Com essas palavras da
Presidenta Dilma, eu quero saudar este momento que o nosso País vive, porque um
país desigual é um país onde o machismo se exacerba. Nós ainda temos um longo
caminho a seguir para nos tornarmos um país com justiça social. Não há por que
não sermos! E, neste país com justiça social, as mulheres serão cada vez mais
líderes. Hoje, das cem maiores empresas do Brasil, apenas uma é administrada
por uma mulher: a Petrobras. Só uma presidenta de grande empresa entre as cem
maiores empresas do Brasil. Temos muito que avançar, e esse avanço,
infelizmente, se dá é com luta, é com reivindicação, é com a força das mulheres
lutando pelos seus direitos que nós vamos transformar a sociedade brasileira de
uma sociedade ainda machista numa sociedade efetivamente justa.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Mônica Leal): Obrigada, Ver.
Koppitke. Registro que fiquei muito feliz porque, pela primeira vez, desde que
assumimos nesta Câmara, comungamos das mesmas ideias. Parabéns! E festejo que
isso aconteça numa data tão importante para as mulheres, o que não poderia
deixar de registrar.
Visivelmente,
não há quórum. Encerro os
trabalhos da presente Sessão deixando aqui uma homenagem para as funcionárias
desta Casa, que muito nos auxiliam com a sua dedicação e competência para que
ela funcione. Obrigada.
(Encerra-se a Sessão
às 17h6min.)
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